São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
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'Rota municipal' mata dona-de-casa a tiros

DA AGÊNCIA FOLHA E DA REPORTAGEM LOCAL

A dona-de-casa Maria Aparecida Barroso, 25, foi morta a tiros anteontem por policiais da Romu (Rondas Municipais) da GCM (Guarda Civil Metropolitana) de São Paulo, após perseguição que terminou em Taboão da Serra (Grande SP), fora da jurisdição da GCM.
Maria Aparecida estava na garupa de uma moto Honda pilotada por seu namorado, o bancário Inaíldo Alves de Araújo, 23, que foi ferido.
Os policiais Luís Carlos Medeiros, 30, e Angelino Venerando, 28, viram o casal na av. Carlos Lacerda, em Campo Limpo (zona sul de SP), e começaram a persegui-los por volta de 23h30. Acreditavam que a moto seria roubada, o que não foi confirmado.
Na perseguição, o motoqueiro e a patrulha ultrapassaram a divisa entre a capital e Taboão da Serra.
Segundo a polícia, Barroso teria atirado nos guardas. Os policiais dispararam quatro vezes contra o casal, que foi atingido na estrada Kizaemon Takeuti.
A dona-de-casa morreu no local e seu namorado foi levado para o Hospital das Clínicas, em São Paulo. Segundo a polícia, ele recebeu alta ontem.
O delegado Eurico Hamilton Santos, de Taboão, afirmou que a dona-de-casa "morreu por ignorância". Segundo Santos, "eles se assustaram com a polícia. É uma questão cultural. As pessoas têm medo da polícia."
Os policiais foram indiciados por homicídio e lesão corporal. As armas foram apreendidos e serão submetidas a exames para determinar quem atirou contra o casal.
O revólver calibre 32, que estaria com Barroso, também foi apreendido para determinar se ela atirou contra os policiais.
O comandante da GCM, coronel Luiz Gonzaga de Oliveira, disse que foi instaurado inquérito administrativo para apurar a responsabilidade dos dois policiais.
Segundo Oliveira, eles foram afastados de suas funções e desde ontem estão executando trabalhos administrativos.
O delegado-titular da delegacia de Taboão da Serra, Paulo Roberto Pimentel Viesi, justificou que os guardas civis não foram presos em flagrante porque eles alegaram que reagiram aos tiros da moça.

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