São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
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Travecas arrasam na tecnologia de peito!

JOSÉ SIMÃO
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Acabou o Carnaval do possível! Bem que eu previ que a Era Tucana ia ser um grande Cultura Artística. Não deu outra: violinos, ópera na avenida. E Antonio Ermírio de Moraes na platéia! É mole? É mole mas sobe! Até em ópera!
Ô país maravilhoso e esculhambado. Consegui um cheirinho de Carnaval na terça gorda: Genival Lacerda no Jô e Scala Gay. Madrugada Gay. O único baile que prestou. Bicha tem arte! Animadíssimos! E traveca é sempre assim: corpo escultural e voz de Pato Donald!
E peitos inacreditáveis. Super bem-feitos! Tá avançando a tecnologia de peito! E o Otávio Pernil Mesquita na entrada do baile. Todos que passavam com o rosto tapado, ele gritava: "Deve ser paulista! Deve ser paulista!". Rarará! E o Gerson Brenner na Manchete diante de um travesti escultural: "E pensar que debaixo de tudo isso sempre existe uma tocaia grande". Uau! Tocaia Grande?! Rarará!
Repórteres protagonizando cenas de preconceito explícito. Apesar da orientação contrária da direção. Todos tentavam ser politicamente corretos, mas não conseguiam, derrapavam. Menos Ivo Morganti do "Aqui Agora", totalmente à vontade e animadíssimo. Trabalhou se divertindo. Carlos Cavalcanti todo bofão não acertava uma —quando pensava que era xereca, era traveca. E vice-versa! E na tentativa de ser ouvido ele grudava a boca nos ouvidos. Passou o Carnaval chupando orelha de traveca. Rarará!
Diálogos hilários. "Qual o seu nome?". "Pâmela!". "E qual o nome do seu namorado?". "Não posso revelar porque ele tem um cargo alto". Só pra esnobar as colegas. Ele deve ter é um salto alto! Rarará!
Todas trabalham fora: "Genève, Lugano e Nova York". Só vêm pro Carnaval pra dar pinta. E todos os repórteres queriam saber como elas escondem o pingolim. Eles nunca ouviram falar em emplastro Sabiá? Rarará. Assinado: Macaco Simão no Reino da Bicharada.

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