São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995 |
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Ex-presidente desiste de liderar a OMC
DA "REUTER" O ex-presidente mexicano Carlos Salinas de Gortari anunciou ontem que desistiu de disputar o cargo de diretor da OMC (Organização Mundial do Comércio)." Nos últimos dias eu tornei conhecido que havia decidido retirar minha candidatura; hoje eu o faço formalmente", disse o ex-presidente em comunicado distribuído pela agência oficial " Notimex". Salinas Justificou-se dizendo que os três candidatos que surgiram representam a configuração de grandes regiões comerciais, ao passo que a chefia da OMC "deve ser decidida por consenso". A OMC, estabelecida em 1º de janeiro deste ano, é sucessora do Gatt (Acordo Geral de Tarifas e Comércio) e terá a tarefa de coordenar as discussões internacionais sobre liberalização comercial. A desistência de Salinas foi anunciada um dia após a prisão de seu irmão Raúl, acusado de envolvimento num assassinato político. Horas antes, o governo dos EUA anunciava que estava reavaliando seu apoio à candidatura do ex-presidente mexicano. O chefe de gabinete do presidente Bill Clinton, Leon Panetta, dissera que a Casa Branca estava reconsiderando a situação após a prisão de Raúl Salinas. "Neste momento nós continuamos a apoiá-lo, mas obviamente isso teve algum impacto", afirmou. Num comunicado, o escritório do representante comercial norte-americano, Mickey Kantor, não havia feito as habituais referências ao apoio dos EUA a Salinas. "Há, claramente, um impasse. Nós precisamos avançar e estamos consultando nossos parceiros comerciais", dizia o comunicado. Se nenhum candidato novo aparecer, a maioria dos 27 países que vinham apoiando Salinas deverá endossar Renato Ruggiero, ex-ministro italiano do Comércio. Sua candidatura é patrocinada pela União Européia e teria reunido 57 votos, mas não conta com o apoio dos EUA, considerado decisivo. O terceiro candidato, Kim Chul-su, embaixador internacional para Comércio da Coréia do Sul, teria por trás de seu nome o peso da região da Ásia e do Pacífico e o apoio de 29 países. Representantes de vários governos junto à OMC, sediada em Genebra, disseram acreditar que o escândalo político mexicano ajudará a resolver o impasse. Eles previam a desistência de Salinas. Os embaixadores já marcaram uma reunião para amanhã. Um deles disse que sem o ex-presidente mexicano "será muito mais fácil chegar a um consenso". Ruggiero parecia em vantagem ontem. Alguns diplomatas em Genebra temem que a crise mexicana prejudique a oposição dos EUA ao ex-ministro italiano. " Washington foi tão veemente em seu apoio a Salinas que, quanto mais a situação se agrava, mais difícil se torna para os EUA mudarem de posição", disse um deles. O ex-chefe do Gatt, o irlandês Peter Sutherland, que assumiu a direção interina da OMC, deverá deixar o cargo em 15 de março. Texto Anterior: Brasil assiste novela mexicana Próximo Texto: Exército russo segue na Tchetchênia; Ex-comunista é premiê na Polônia;Homem-bomba sobrevive a ataque; Agências turcas sã alvo de ataques; Portugal pode antecipar eleição; NY rejeita apelo contra pena de morte; Líbia diz que demoliu sua última prisão; Jornal diz que Jackson deserdou pai e irmã Índice |
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