São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
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A reengenharia do Estado

O governador de São Paulo, Mário Covas, tomou posse sob o imperativo de promover uma ampla reforma no Estado. Sucessivos governos pouco afeitos à racionalidade e à austeridade administrativas —para dizer o menos— incharam a máquina paulista e suas dívidas a ponto de comprometer o cumprimento de funções básicas.
Nunca se afirmou que governar era fácil. A gestão Covas demonstra-o à exaustão. As milhares de demissões e o remanejamento de pessoal dentro da máquina pública —sem dúvida necessárias e saudáveis— podem até mesmo provocar alguns problemas operacionais no curto prazo. Mas esse é o custo, até político, de botar a casa em ordem.
Aliás, o calvário do governador de São Paulo é similar ao que hoje enfrentam governantes em todo o mundo. Nunca houve tantas carências, mas nunca o pão de que o Estado pode dispor para distribuir foi tão escasso. O poder público enfrenta em todos os quadrantes o desafio de racionalizar sua estrutura, reduzindo cada vez mais os custos para o contribuinte e melhorando a qualidade dos serviços que presta à população.
Aumentar a eficiência pode parecer uma resposta óbvia, mas sua concretização é bem menos evidente. Trata-se na verdade do imperativo de uma reforma de grandes proporções, tanto nos conceitos quanto na prática do operador da máquina pública, semelhante em magnitude à transformação por que vem passando o setor privado dos mais variados países com o "reengineering".
A resposta ao problema de conciliar o melhor serviço com o menor custo varia, é claro, dependendo das condições existentes em cada setor. Mas as dificuldades enfrentadas pelo governo de São Paulo revelam bem que a solução exige necessariamente duas vocações: criatividade e ousadia.

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