São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Quero me aposentar voando'

SIMONE GALIB
DA REPORTAGEM LOCAL

A gaúcha Rejane Malheiro, "38 anos muito bem-vividos", como ela gosta de frisar, trocou há 13 o jornalismo pela aviação. E não se arrepende. "Foi algo que me trouxe uma bagagem muita grande de vida. Sinto-me gratificada e quero me aposentar voando".
Depois de não passar num teste para a TV Educativa de Porto Alegre, Rejane —na época com 25 anos— veio para São Paulo e acabou entrando por acaso na Varig.
Hoje é assessora de Treinamento de Comissários de Bordo da empresa e uma vez por mês voa ao exterior para não perder o contato com o trabalho. Como fala inglês, francês e espanhol tem prioridade nas rotas internacionais.
Para ela, o que mais lhe traz fascínio na profissão é chegar e sair com uma rapidez invejável, é se sentir num mundo à parte. "A distância deixa de existir. A sensação de ir e vir é efêmera."
Seus 13 anos de experiência no ar e em terra demonstram que os preconceitos em relação à profissão "melhoraram muito".
Para ela, a origem dos estereótipos se deve ao fato de que "as mulheres começaram a voar numa época em que não íamos sequer a um baile sozinhas".
Além disso, diz, o avião deixou de ser um transporte de elite, "não existem mais aquelas fantasias, embora ainda muitos passageiros se surpreendem quando dizemos que somos casadas e temos filhos".
Quando o assunto é cantadas, assédio sexual, Rejane é taxativa: "existem como em qualquer outra profissão, nem mais nem menos".
Aliás, acrescenta, há uma tendência a exagerar, a criar mitos em torno da paquera a bordo.
"Quando entrei na aviação e vi que não era tão 'cantada' assim, até me decepcionei. Será que não agrado? Depois percebi que dentro de um avião repleto de gente um homem para 'cantar' a aeromoça tem que ser bastante corajoso."
(SGa)

Texto Anterior: 'Há exagero no lado negativo'
Próximo Texto: Mito, fantasia e fascínio atravessam décadas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.