São Paulo, quinta-feira, 2 de março de 1995
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Seleção é rigorosa e já começa nas escolas

SIMONE GALIB
DA REPORTAGEM LOCAL

Há alguns anos eram as próprias companhias aéreas que formavam seus tripulantes. Atualmente os comissários são preparados por escolas particulares —há várias delas no país— em cursos que duram de quatro a cinco meses.
O Ministério da Aeronáutica impõe três exigências básicas: idade mínima de 18 anos, segundo grau completo e saúde em perfeitas condições. Durante a triagem passam, por exemplo, por um "check up" completo na Policlínica da Aeronáutica.
Mas o mercado —hoje altamente competitivo—, a profissão e as próprias companhias aéreas exigem muito mais.
Não bastam um corpo bem feito, medidas em ordem, boa aparência, pele e dentes saudáveis, simpatia e desembaraço.
Por isso, a pré-seleção começa no próprio curso. "A escola faz um processo seletivo rígido semelhante ao da empresa aérea", afirma Celeste Santini, 34, gerente da EWM, uma das escolas mais tradicionais de São Paulo.
Essa pré-seleção visa, acima de tudo, descobrir se o candidato se enquadra dentro de um determinado perfil. "O profissional tem que ter espírito de aventura e ser vaidoso por natureza. As mulheres, por exemplo, passarão nove horas do dia maquiadas, com o cabelo impecável. Não se exige uma pessoa linda, mas tem que ter estilo", afirma Celeste.
Falar outros idiomas também é fundamental, mesmo nas companhias domésticas. "Sem inglês não há chance", diz Paulo Fernando Laux, diretor da escola EPC Condor, de Florianópolis.
Já as empresas internacionais costumam exigir dois idiomas. Para voar numa Lufthansa, por exemplo, é preciso falar o inglês e o alemão, na Air France, o francês e o inglês e assim por diante.
Além de matérias básicas, como navegação aérea, primeiros socorros, medicina de aviação e obstetrícia, os candidatos têm aulas de etiqueta, postura, comportamento social e até palestras sobre a Aids.
Antes de voar, os candidatos são ainda submetidos a rígidos treinamentos de sobrevivência em terra e no mar.

Reaquecimento
Após uma longa fase recessiva, a aviação parece recuperar o fôlego. O crescimento das companhias aéreas regionais, as novas rotas internacionais de companhias como Vasp e Transbrasil e a criação de novas empresas, como a Air Vias e a Pantanal, abrem o mercado aos novos profissionais.
"Há muita procura. As próprias empresas ligam para a escola pedindo currículo", afirma o diretor da EPC Condor, que coloca a cada ano 80 comissários no mercado.
A EWM, que trabalha para as principais companhias aéreas do país e forma 150 comissários por ano, também sente os efeitos da expansão. "As companhias regionais sacudiram o mercado. É uma época boa para quem quer voar", diz a gerente da escola.

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