São Paulo, sábado, 4 de março de 1995
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Serra quer crédito para vender bancos estaduais

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Planejamento, José Serra, está negociando a liberação de linhas de financiamento do Banco Mundial para a venda de bancos estaduais.
Serra explicou à Folha que o Banco Mundial já vem emprestando dinheiro para a privatização de bancos na Argentina e recebeu bem a proposta do governo brasileiro. "Existe uma boa receptividade", disse.
O governo federal pretende estimular a privatização dos bancos estaduais, mesmo daqueles que não estejam sob intervenção. Mas, segundo o ministro do Planejamento, a decisão caberá aos governadores.
"A idéia é levantarmos estes empréstimos para os Estados poderem privatizar os bancos", diz.
A privatização dos bancos estaduais vem sendo motivo de atrito entre os governos estaduais e a equipe econômica. O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), por exemplo, rejeita a venda do Banespa.
Estão sendo estudadas pelo governo como medidas para o banco, além da privatização, a capitalização por parte do Estado e a prorrogação da intervenção.

Decreto
Na segunda-feira, o presidente Fernando Henrique Cardoso deverá baixar decreto autorizando a participação de capital estrangeiro na venda de bancos estaduais, caracterizada como de interesse do governo brasileiro.
O decreto aproveitará uma brecha na reserva de mercado criada em 1988 no setor financeiro pela Constituição, que proibiu a abertura de agências de instituições estrangeiras ou mesmo a participação no capital de instituições brasileiras.
Os empréstimos externos e o capital estrangeiro poderão ser usados logo na privatização de dois bancos sob intervenção —o Banespa e o Banerj— e do Banco Meridional, incluído na lista do Programa Nacional de Desestatização para ser vendido até o final do ano.

Setor elétrico
Serra disse que também está buscando linhas de financiamento do Banco Mundial e do Bird (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para a conclusão de obras inacabadas, principalmente no setor de energia elétrica.
Esses empréstimos seriam feitos diretamente à iniciativa privada, a governos estaduais ou prefeituras que assumissem as obras.
O Planejamento faz levantamento das obras paralisadas.

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