São Paulo, sábado, 4 de março de 1995
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Construção civil lidera contratação

FERNANDO PAULINO NETO
DA SUCURSAL DO RIO

Cresceu 2,61% no ano passado o número de pessoas ocupadas com algum tipo de trabalho na economia brasileira em relação ao ano anterior. O setor de construção civil foi o que puxou a alta, com aumento de 4,81% no período.
E para 95 as perspectivas são otimistas: incorporadoras, contrutoras e imobiliárias chegam a planejar vendas iguais ao total dos últimos quatro anos, o que vai resultar em mais contratações.
Em 94, o aumento do nível de emprego ocorreu principalmente no segundo semestre do ano, graças ao Plano Real (lançado em julho).
Em junho, havia 15.409.466 pessoas empregadas no país.
Em novembro, pique do ano por causa das contratações para o Natal, estavam empregadas 16.061.535 pessoas.
A indústria de transformação foi o segmento econômico em que menos se refletiu este aumento de emprego. O crescimento no ano passado foi de apenas 0,49% na comparação com 1993.
A razão disso, segundo a coordenadora do Departamento de Emprego e Salário do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Shyrlene Ramos de Souza, foi a reformulação das indústrias desde o processo de abertura da economia do governo Collor.
A indústria de transformação, com a maior competição internacional, teve que se adaptar aos novos tempos, modernizando processos, enxugando quadros, ganhando em qualidade e produtividade.
Mesmo com crescimento econômico, o emprego neste setor não se recuperará na mesma proporção, visto que hoje a indústria produz mais com menos funcionários.
Os setores de comércio e serviços ajudaram a absorver parte da mão-de-obra dispensada pela indústria com os processos de modernização e enxugamento.
Os dois setores, segundo o IBGE, registraram crescimento no emprego superior ao índice geral de aumento da ocupação no ano passado em relação a 1993.
O emprego no comércio cresceu 3,60%, fortemente impulsionado pelo aquecimento de vendas do final do ano. No setor de serviços, o aumento foi de 2,88%.
Mesmo com o aumento do nível de emprego em 1994, mais acentuado de julho até o fim do ano, a taxa de desemprego hoje ainda é maior do que nos anos do governo Sarney (1985-1990). Nesses anos o total de desempregados oscilou entre 3,35% e 4,28% do total da população economicamente ativa.
No governo Collor, a taxa de desemprego aumentou, chegando a 5,76% em 1992 (ele governou até outubro).
Para Shyrlene, o Plano Real teve a vantagem de não causar desemprego, ao contrário do Plano Collor, mas sem o grande aquecimento do Plano Cruzado.
O pouco crescimento dos empregos na indústria trouxe como consequência a redução ainda maior do emprego com carteira assinada, que vem em queda livre desde 1991.
No segundo semestre do ano passado, pela primeira vez desde 83, o emprego com carteira assinada caiu a menos da metade das pessoas ocupadas —48,63%.
Em 93, na média do segundo semestre, a porcentagem era de 50,44%.
Em 1994, menos 0,22% da população ocupada tinha carteira assinada em comparação com 1993.
Aumentou o número de pessoas ocupadas sem carteira (mais 5,78% do que em 1993) e o trabalho por conta própria (profissionais liberais e serviços), que cresceu 6,28% frente a 1993.

Colaborou a Redação.

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