São Paulo, domingo, 5 de março de 1995 |
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Solução externa exige sacrifício
GILSON SCHWARTZ
Não é por acaso que logo depois da operação de emergência coordenada pelo governo dos EUA e envolvendo o FMI, empresários e agricultores uniram-se em uma "Organização Nacional de Devedores", que já conta com quase 200 membros. Segundo Francisco Castro de la Cruz, conselheiro- executivo da organização, o governo implementou um modelo de desenvolvimento equivocado. "Queremos a volta da banda cambial e uma taxa de juros mais baixa", disse Cruz. Luis Raul Aragón, coordenador do departamento jurídico de uma "frente de devedores" no Estado de Chihuahua, acredita que mais de 50% do total de imóveis e carros mexicanos estejam nas mãos dos bancos, devido à inadimplência. As frentes de devedores recomendam o não pagamento das dívidas aos bancos, alegando a cobrança de juros sobre juros. A situação dos bancos não é mais tranquila. A carteira vencida —total de dívidas não quitadas— já chega a US$ 10 bilhões e pode dobrar nos próximos dois meses, caso as taxas de juros não caiam. Geralmente a condição para renegociar uma dívida é mostrar ao credor que ao longo do tempo haverá rendimentos. É o que o governo mexicano fez com as reservas de petróleo, que servem de garantia para os empréstimos. Para o credor externo, a crise reduz-se assim a um problema de iliquidez, mas não de inadimplência. Para credores e devedores internos, entretanto, o cenário é exatamente o oposto: não há perspectivas de expansão do mercado e de aumento da riqueza nacional. Texto Anterior: Diárias de FHC custaram R$ 9.371 Índice |
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