São Paulo, domingo, 5 de março de 1995
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Países celebram centenário de diplomacia

ANDRÉA FORNES
EDITORA DE EXTERIOR E CIÊNCIA

Brasil e Japão comemoram em 1995 cem anos do estabelecimento de relações de amizade, comércio e navegação.
Para celebrar o centenário, os dois países estão organizando uma série de eventos nas áreas política, econômica e cultural (veja programação ao lado).
O ponto alto das comemorações é a visita que o presidente brasileiro, Fernando Henrique Cardoso, deve fazer ao Japão numa data a ser definida entre os meses de outubro e dezembro.
O príncipe herdeiro do trono japonês, Naruhito, planeja também uma viagem ao Brasil para o segundo semestre.
O Tratado de Amizade, Comércio e Navegação foi assinado em Paris no dia 5 de novembro de 1895 pelos ministros plenipotenciários dos dois países na França: Arasuke Sone (Japão) e Gabriel de Toledo Piza e Almeida (Brasil).
Entre os latino-americanos, o Brasil foi o terceiro país a firmar um acordo bilateral com o governo japonês, depois de Peru (1873) e México (1888).
Ao longo destes cem anos, as relações nipo-brasileiras só foram rompidas durante a Segunda Guerra Mundial, na década de 40.
Mesmo depois do reatamento diplomático, Brasil e Japão jamais renovaram o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, que apesar disso permanece válido.
Oficialmente, a temporada de eventos para o centenário de amizade foi aberta em 10 de janeiro com a publicação, por jornais japoneses, de mensagens do primeiro-ministro Tomiichi Murayama e de Fernando Henrique.
Para este final de semana foram programados dois jogos de futebol no Japão. Grêmio e São Paulo enfrentaram Verdy Kawasaki e Nagoya Grampus Eight, da liga profissional japonesa, a J-League.
A assinatura do documento há um século proporcionou a vinda da primeira leva de japoneses ao Brasil. Em 18 de junho de 1908, o navio Kasato-Maru atracava no porto de Santos (São Paulo) com 800 imigrantes a bordo.
Depois de cinco gerações, a comunidade "nikkei" no Brasil chegou a mais de 1,2 milhão de pessoas, espalhadas por diversas regiões do Brasil, especialmente nos Estados de São Paulo e Paraná.
A partir de 1985, esse fluxo migratório sofreu inversão com a ida ao Japão de brasileiros descendentes de japoneses como dekasseguis (trabalhadores que deixam seu país de origem em busca de melhores oportunidades).
Há cerca de 150 mil brasileiros que vivem atualmente no Japão (o equivalente a 10% do total de estrangeiros no país).
A maioria trabalha em indústrias automobilísticas e de eletrônicos ou no setor de serviços (hotéis e restaurantes principalmente).
A minoria ganha a vida jogando futebol. A criação da J—League impulsionou o esporte no país, que até maio de 1993 só conhecia o sumô e o beisebol.
A brasilidade no Extremo Oriente passa pelos gramados, onde jogaram e jogam craques como Zico, Ruy Ramos, Alcindo e Leonardo, e pelos restaurantes, onde é servido churrasco à moda gaúcha.
"O leque de intercâmbio tem sido expandido cada vez mais, com a chegada de numerosos nipo-brasileiros ao Japão com o motivo de trabalhar em diversas áreas, assim como o desempenho dos jogadores brasileiros no campeonato de futebol profissional (J-League) que está despertando a atenção dos japoneses", diz trecho da mensagem do premiê Murayama.

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