São Paulo, domingo, 5 de março de 1995
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Corinthians corre perigo hoje à tarde

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Ainda sob o eco da epopéia dos Gaviões na avenida do samba, o Corinthians volta a campo à tarde para dar sequência à boa campanha que vem cumprindo no campeonato, depois de início hesitante.
Mas nem tudo é euforia. Os tamborins já se calaram, a Lusa sempre foi uma carne de pescoço e o Corinthians desembarca, vindo do Mato Grosso, com alguns jogadores-chave cansados. É o caso de Zé Elias e Souza. Ambos tiveram de desdobrar-se anteontem para arrancar um empate do Operário, pela Copa do Brasil.
Não foi apenas a correria atrás da bola e do placar adverso. Zé Elias e Souza, afinal, são dois garotos, seus músculos estão afiados. O que mais cansa é a tensão de um jogo como aquele. Tanto que, no pênalti cavado por Zé Elias, o menino ajoelhou-se longe da área, como se estivesse pedindo bênção para o pé de Célio Silva, o cobrador. Quando a bola estufou as redes inimigas, Zé Elias vibrou como numa final de Copa do Mundo.
Ora, gente, todo mundo sabe que esse torneio, embora seja uma fresta para a Libertadores, pelo menos nesta fase, tem um regulamento dirigido no sentido de dar uma mãozinha aos grandes, daqui, do Rio, de Minas e do Rio Grande. Joga-se sempre a primeira partida lá fora, contra um adversário historicamente descredenciado. Se ganhar por três gols de diferença, nem precisa disputar a volta.
Acontece que, dentro do campo, as coisas se nivelaram. Além do mais, os paulistas optaram por atuar com equipes mistas, o que equilibra mais ainda as forças. Por isso, São Paulo, Palmeiras e Corinthians sofreram e muito nas suas respectivas estréias na Copa do Brasil.
É claro que o Corinthians com Viola redivivo e Marcelinho —sem contar Bernardo, Vítor e Henrique— é outro time.
Mas a Portuguesa de Candinho está aí provando que não veio para fazer apenas figuração. Anda chamando o spot sobre si, desde quando derrubou o tricolor.
Nenhum craque excepcional, nenhuma idéia revolucionária. Apenas aplicação, alguns jogadores experientes, como Capitão, Caio e Paulinho, distribuídos estrategicamente nos setores do campo e a lança do guerreiro solitário na mão.
Às vezes, só isso basta.

Santos e Juventus, há muitos anos, me proporcionaram um dos momentos mais insólitos desse insólito jogo da bola.
Foi um jogo na Javari, pois naquele tempo Pelé e sua corte imperial dignavam-se a jogar na rua Javari, sim senhor. Não estou certo, mas desconfio que Lima, mais conhecido na Vila Nova Cachoeirinha como Brandãozinho, em homenagem ao antigo centro-médio luso, ainda jogava pelo Juventus. O fato é que a partida terminou zero a zero. O mais luminoso dos zero a zero que foi-me dado ver, pois a bola só saía de uma área para invadir a outra. Foram centenas de gols perdidos, dezenas de bolas nas traves, defesas milagrosas dos dois goleiros, enfim, uma festa.
Hoje será uma festa?

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