São Paulo, domingo, 5 de março de 1995
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A importância da vida em condomínio

JOSÉ ROBERTO GRAICHE

Viver em condomínio —ou viver em sociedade— é um fato do qual não se pode fugir, mesmo querendo. Hoje, mais do que nunca, a compreensão para com o espírito comunitário se torna primordial, já que vivemos, em São Paulo, tempos de insegurança.
Mas, afinal de contas, o que é viver em condomínio ou viver em sociedade?
Ao contrário do que alguns possam pensar, especialmente os que vivem em condomínio, não é perder sua liberdade individual, sua privacidade, seus direitos. Mas, muito ao contrário, exercer sua liberdade, preservar essa privacidade e fazer valer seus direitos.
É tudo questão do primeiro passo, do primeiro movimento, do primeiro gesto. Ou, se preferir, de forma mais direta, viver em condomínio é cada um fazer sua parte.
Existe algo mais constrangedor do que se entrar em um elevador e duas pessoas, durante 30 segundos, parecerem viver uma eternidade apenas porque faltou, por parte de um ou outro, o esboçar de um sorriso, de um cumprimento ou de uma palavra?
Não tem importância que sejam frases convencionais, como perguntar do tempo, falar do próximo feriado —o Brasil tem tantos que sempre haverá um sobre o qual perguntar— ou contar a última medida para a melhoria do condomínio. E é exatamente com essa ação simples que começam as surpresas.
Em uma cidade como São Paulo, em que provavelmente a maioria está contida —quem sabe angustiada ou talvez deprimida pelos fatos que se vêem nas ruas ou pelas experiências vividas no trabalho—, há muita gente esperando por uma palavra.
Solta a voz, os espíritos se desarmam —ainda mais dentro do elevador de um prédio, onde se podem transformar a eternidade dos 30 segundos em um bate-papo rápido, em um lance curioso, numa amizade frutuosa, num gesto de simpatia, numa agradável convivência.
Ao se levantar amanhã, ao sair para uma festa, ao estacionar o carro na garagem, ao entrar com as compras, ao abrir uma porta, pense que é mais fácil viver aberto e desarmado do que levar a carranca de que estrangeiros e outros brasileiros nos acusam —"esses paulistanos sérios e orgulhosos".

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