São Paulo, terça-feira, 7 de março de 1995
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Senador chama Tuma para testemunhar

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador Ernandes Amorim (PDT-RO), acusado de envolvimento com o narcotráfico, afirmou à Folha que o senador Romeu Tuma (PL-SP), ex-diretor da Polícia Federal e ex-secretário da Receita Federal, é testemunha da sua inocência.
Amorim vai fazer hoje o primeiro discurso como senador, defendo-se das denúncias.

Folha - O sr. tem dito que é vítima de uma campanha movida por interesses econômicos.
Ernandes Amorim - Estão em jogo US$ 2 bilhões. Esse é o valor de uma mina de cassiterita no meu município, Ariquemes (RO). As mineradoras, que têm como protetor o ex-ministro da Justiça Saulo Ramos, querem expulsar os garimpeiros do local (garimpo Bom Futuro) e ficar com toda a exploração. Eu defendo os garimpeiros.
Folha - O que Saulo fez?
Amorim - Como ministro, defendeu os interesses da Paranapanema. Criou uma comissão para investigar o narcotráfico e contrabando de minério na Amazônia, que investigou apenas o garimpo Bom Futuro. A comissão recomendou que o garimpo fosse fechado, os garimpeiros retirados e a mina entregue à Paranapanema.
Vou denunciar também o diretor do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), Elmo Salomão, por fraude.
Folha - Qual a relação entre a briga pelo garimpo e as denúncias existentes contra o sr.?
Amorim - São mentiras. Não há nada contra mim. A prova disso é que o próprio Romeu Tuma esteve comigo no garimpo. Ele é testemunha ocular de que não havia operações irregulares. Se houvesse, ele como diretor da PF teria obrigação de atuar. Do contrário, teria sido omisso.
Folha - O Senado parece disposto a puni-lo. O sr. não teme perder o mandato, se for processado por falta de decoro parlamentar?
Amorim - Acho impossível me condenarem nesse processo.
Folha - O sr. não acha que no Senado o julgamento pode ser político?
Amorim - Não é possível que surja algum crápula que queira me punir sem prova.
Folha - O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), sugeriu que o sr. renunciasse ao cargo de quarto secretário.
Amorim - Não renuncio. Para pedirem minha renúncia, todos tinham que vir com certidão negativa na mão. E minha presença na Mesa força o presidente Sarney a mandar apurar tudo isso agora para eu ficar livre.

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