São Paulo, terça-feira, 7 de março de 1995
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Medidas tumultuam mercado argentino

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O mercado financeiro argentino teve ontem um dia tumultuado por causa da mudança no regime cambial brasileiro. Os investidores classificam o regime de bandas com uma desvalorização do real para o dólar, o que provocou uma queda de 1,44% na Bolsa de Valores Buenos Aires.
O ministrou da Economia, Domingo Cavallo, tentou tranquilizar o mercado, dizendo que o regime de bandas adotado pelo Brasil não é uma desvalorização do real e não prejudicará a Argentina.
Cavallo soube domingo que o Banco Central brasileiro implementaria hoje um novo sistema cambial. O embaixador do Brasil em Buenos Aires, Marcos Azambuja, comunicou na tarde de ontem a Cavallo a implementação do regime de bandas.
Desde a desvalorização do peso mexicano, Cavallo definiu com o Brasil um esquema de informe prévio sobre alterações na política econômica dos dois países.
Agências de bancos brasileiros, como Banco do Brasil, Itaú e Banespa, tiveram congestionamento telefônico no final da manhã por causa do imenso volume de consultas de instituições argentinas sobre a nova política cambial.
A equipe de Cavallo evitou comentar as mudanças cambiais no Brasil. Reservadamente, consideram que as novas regras não poderiam chegar em pior momento para o governo argentino.
Apesar de existir consenso entre a assessoria de Cavallo de que o real estava sobrevalorizado, o ministério avalia que qualquer alteração no regime cambial brasileiro aumentaria ainda mais as incertezas dos investidores estrangeiros em relação à América Latina.
A Bolsa foi um termômetro dos temores da assessoria de Cavallo. Operadores tentaram forçar alta comprando ações. Mesmo após o anúncio do acerto com o FMI, investidores estrangeiros se desfaziam de papéis argentinos.
A Bolsa começou operar em alta de 1%, caindo assim que as agências internacionais começaram a divulgar as mudanças no Brasil.
Cavallo sempre foi um crítico do sistema de bandas. Reservadamente, ele avalia que esta política aumenta inseguranças do mercado.
As taxas de operações interbancárias voltaram a subir ontem. Passaram de 30% ao ano para 45% nas operações realizadas por bancos de primeira linha.

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