São Paulo, terça-feira, 7 de março de 1995
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Pesquisa agrícola no país tem nível inglês

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma entidade brasileira de pesquisa e produção de tecnologias pode ter padrões comparáveis aos de Primeiro Mundo, tanto no que diz respeito ao resultado quantitativo como às características de organização e modo como encara sua relação com a sociedade.
A entidade em questão é a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), estudada por Tomás de Aquino Guimarães em sua tese de doutoramento "Organizações e Comunidades de Pesquisa em Biotecnologia Agropecuária: os casos do BBSRC (Grã-Bretanha) e da Embrapa".
O pesquisador analisou, comparativamente, estruturas e estratégias de organização do "Biotechnology and Biological Sciences Research Council (BBSRC) e da Embrapa, assim como as atitudes e posições diante das pesquisas das comunidades de pesquisadores de biotecnologia dos dois órgãos.
Os pesquisadores que responderam à solicitação de pesquisa de Guimarães junto à Embrapa tiveram produção científica menor do que seus correspondentes no órgão britânico entre 1988-92, mas "compensaram" a diferença com mais resultados na área da ciência aplicada —isto é, de tecnologias.
Guimarães concluiu que o modo de definição da agenda de trabalho dos dois institutos é semelhante. Apesar de agentes externos também estarem envolvidos no planejamento e na avaliação das pesquisas, o processo geral é controlado pelos pesquisadores.
Os dados da pesquisa para a tese mostram que as duas comunidades não consideram que agentes econômicos externos determinem os objetivos do trabalho científico, com exceção dos casos de projetos específicos contratados com financiadores também externos.
Tanto britânicos como brasileiros também concordam que o seu trabalho, a pesquisa biotecnológica, por si só não resolve problemas sociais e a encaram de forma crítica.
Se o padrão de produção não difere muito daquele da instituição britânica, os pesquisadores brasileiros sofrem dos problemas que eram esperados. Além das extremas dificuldades no suporte às pesquisas, o governo brasileiro não dá o devido apoio, na percepção dos pesquisadores, ao intercâmbio científico internacional.

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