São Paulo, terça-feira, 7 de março de 1995
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Organização acompanha investigações

O delegado Batista e Cavallaro, da Human Rights Watch

FERNANDA DA ESCÓSSIA; FERNANDO MOLICA
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor no Brasil da Human Rights Watch/Americas, James Cavallaro, defendeu ontem o fim da competência da Justiça Militar para julgar crimes de militares contra civis.
A morte de Melo deverá ser apurada pela Justiça Militar porque ocorreu durante operação da PM. O responsável pela morte, o cabo Carneiro, estava em serviço quando atirou no assaltante, o que também determina a ida do caso para a Justiça Militar.
"Vamos acompanhar a investigação. Mas estamos acostumados a que os inquéritos militares não tenham resultado. Por isso defendemos justiça comum para PMs e militares", disse Cavallaro.
A entidade de defesa dos direitos humanos criticou também as declarações do governador Marcello Alencar, que considerou a morte um "excesso" que não deve ser utilizado para julgar a PM.
Cavallaro disse que a morte de Melo não deve ser considerada um caso isolado e afirmou que a entidade tem relatórios sobre execuções de civis por policiais militares no Rio e em São Paulo.
"Do jeito como o governador falou, quase convidou à vingança. É como se ele tivesse dito que os policiais podem matar, desde que longe da TV. Não disse, mas quase disse", afirmou Cavallaro.
O diretor da Human Rights Watch esteve ontem à tarde na 10ª Delegacia Policial (Botafogo) e tentou falar sobre o caso com o delegado Nilo Augusto Batista, mas não conseguiu.

Pressão
Os presidentes das associações de policiais militares e de policiais civis usaram o mesmo argumento para comentar o crime: a pressão psicológica sofrida pelos policiais e seu convívio com a violência.
"Não somos a favor de nenhum tipo de violência, mas temos que ver as dificuldades da polícia. As famílias de policiais mortos também não têm amparo", disse Wanderley Ribeiro, presidente da Associação de Cabos e Soldados.
Carlos Eustáquio de Almeida, da Coligação dos Policiais Civis, disse que o episódio foi desagradável, principalmente porque há uma tentativa de recuperar a imagem da polícia no Rio. (FE e FM)

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