São Paulo, quinta-feira, 9 de março de 1995
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Nakano admite demissões para sanear Banespa

DA FT

O secretário da Fazenda do Estado, Yoshiaki Nakano, disse ontem na CEI (Comissão Especial de Inquérito) que investiga a situação financeira do Banespa, que o governo paulista terá de cortar 40% das despesas do banco para saneá-lo, evitando sua privatização.
"A medida pode levar ao corte de pessoal", admitiu Nakano. O Banespa tem hoje quase 35 mil funcionários.
Ele falou ainda que algumas agências deficitárias podem ser fechadas em todo o Brasil e não descartou até a possibilidade de fusão entre as agências do Banespa e da Nossa Caixa Nosso Banco.
Nakano se manifestou contrário à privatização ou liquidação do banco, opções apontadas pelo presidente do BC, Pérsio Arida.
Nakano propõe ainda a redução dos juros e refazer o parcelamento da dívida de US$ 11 bilhões que o Estado tem junto ao Banespa e também a privatização de algumas empresas estatais. Ele não revelou quais seriam.
O depoimento de Nakano agradou os deputados de esquerda, que integram a CPI, como Jamil Murad (PC do B) e Lucas Buzato (PT), relator da Comissão.
O interventor do Banco Central no Banespa, Altino da Cunha, admitiu ontem em seu depoimento na CEI que o BC contribui para a crise financeira do Banespa.
Segundo Cunha, as operações ARO (Antecipação de Receita Orçamentária) realizadas no governo Quércia, foram feitas "de forma equivocada e que são responsáveis pelo endividamento excessivo do Estado junto ao Banespa".
Essas transações, feitas em setembro e dezembro/90, somaram US$ 660 milhões e hoje representam, com juros e correção, US$ 3,3 bilhões (30% da dívida do Estado junto ao Banespa.
Na época das transações, Altino era o delegado do BC em São Paulo. Segundo ele, na primeira operação o BC esteve de acordo com a capacidade de endividamento do Estado. Já na segunda —US$ 220 milhões em dezembro— Altino disse que avisou pessoalmente os diretores do BC e do Banespa de que a operação seria nociva.

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