São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 1995
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Novo acordo retoma a "Operação Rio"

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

As tropas do CML (Comando Militar do Leste) do Exército vão voltar a patrulhar as ruas e morros do Rio de Janeiro na próxima semana, por um prazo inicial (e renovável) de 30 dias.
O anúncio da nova "Operação Rio" foi feito ontem pelo coronel Ivan Cardozo, porta-voz do CML.
Como uma espécie de "pré-aquecimento", comandos de soldados e oficiais da Polícia do Exército começaram na manhã de ontem a patrulhar a praça Saenz Pena, na Tijuca (zona norte).
Segundo o porta-voz, o CML também já colocou oficiais do serviço de inteligência do Exército trabalhando em conjunto com as polícias Civil e Militar do Rio.
"Também fornecemos homens e equipamentos para trabalhar junto à Divisão Anti-Sequestro", disse o coronel.
Foi o presidente Fernando Henrique Cardoso quem determinou ao ministro do Exército, general Zenildo Lucena, que entrasse em contato com o governador carioca, Marcello Alencar (PSDB), para tratar dos detalhes da operação.
"O ministro está com uma determinação do presidente para que trate do assunto diretamente com o governador", afirmou Cardozo.
Alencar e Lucena vão se encontrar na próxima semana para assinar os termos do acordo.
Será o quarto convênio de policiamento militar firmado entre a União e Rio de Janeiro. O primeiro foi assinado em outubro do ano passado.
O terceiro convênio se encerrou no último dia 3 de março, mas o Exército compareceu esporadicamente às ruas depois do fim da operação. No Carnaval, os militares voltaram aos patrulhamentos sob o nome de "Operação Rubi".
Cardozo afirmou que as ações de pequeno porte serão acertadas diretamente entre a Secretaria da Segurança Pública do Rio e o CML.
"Mas grandes ações, como a tomada do morro do Borel, têm de ter o comando e conhecimento do ministro do Exército", disse.
Investigação
Cardozo também revelou que o Exército está empenhado em investigar o desaparecimento do advogado Marco Rufino da Cruz.
Cruz foi preso durante uma ação das Forças Armadas no dia 26 de novembro passado, nas proximidades do morro do Fubá e defronte ao quartel do Regimento de Cavalaria Mecanizada (Recmec).
O advogado é funcionário da Biblioteca Nacional. Sua prisão foi testemunhada pelo delegado Jairo de Campos, da Delegacia Policial de Cascadura.
"Ele esteve detido nesta carceragem masculina, no dia 26 de novembro, preso pela Polícia do Exército, e segundo consta foi transferido para o presídio de Água Santa. Mas naquele presídio nada consta quanto a sua entrada", relatou o delegado em depoimento.
Cardozo afirmou que o Exército deve tornar públicas as investigações sobre o desaparecimento, mas que até agora não há notícias do paradeiro do advogado. "Não temos nada a ocultar", disse o coronel.

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