São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 1995
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Comissão financeira é reativada

SILVANA QUAGLIO; MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Planalto comandou, ontem, uma operação política de emergência para frear a crise no mercado financeiro. O objetivo é deixar claro que o governo é radicalmente contrário ao tabelamento dos juros em 12% ao ano.
A estratégia foi reativar, às pressas, a comissão especial que regulamentará o artigo 192 da Constituição sobre o sistema financeiro. Nenhuma regra será mudada sem o aval da comissão, que é presidida pelo vice-líder do governo na Câmara, deputado Benito Gama (PFL-BA).
O nervosismo do mercado foi acompanhado de perto pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele reconheceu que ontem voltou a ocorrer fuga de capitais do país, mas não soube precisar quanto.
Em reunião com lideranças governistas, à noite no Planalto, FHC mostrou-se tranquilo, embora não descartasse uma nova queda, hoje, nas Bolsas em função de contratos que vencerão na BM&F (Bolsa Mercantil e de Futuros).
FHC atribuiu aos juros de 12% a reação de ontem do mercado.
Uma comissão especial trabalhou durante toda a última legislatura para tentar regulamentar o artigo, mas não concluiu o parecer.
Quando era ministro da Fazenda, FHC pediu aos parlamentares que esperassem um momento mais oportuno para definir regras para o sistema financeiro. Nessa medida entra também a autonomia do Banco Central e a participação do capital estrangeiro nesse mercado.
Diante das informações de queda das Bolsas e das várias intervenções do BC para segurar o dólar, o relator da comissão, deputado Gonzaga Mota (PMDB-CE) reagiu: "isso é um problemão".
Para garantir a instalação da comissão, o líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP), empreendeu uma marcha desenfreada do seu gabinete rumo ao plenário. Precisava entregar o requerimento antes que a sessão terminasse.
A bancada do PT convocou reunião extraordinária e vai pedir ao governo os números das reservas cambiais. (Silvana Quaglio e Marta Salomon)

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