São Paulo, sexta-feira, 10 de março de 1995
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Só o baiano ACM pode salvar o México

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Por que o presidente Fernando Henrique Cardoso não aproveita para matar dois coelhos com uma só caixa d'água ou, melhor dizendo, com uma só cajadada?
Vejamos: todo mundo sabe que a Bahia e o México têm muito em comum. Não estou de brincadeira, não.
Atente: na Bahia tem capoeira, no México tem briga de galo. Na Bahia tem Olodum, no México tem mariachi. Na Bahia tem acarajé, no México tem chili con carne. Na Bahia tem malemolência, no México tem siesta.
Excluindo as nuances, quem ousa dizer que os dois não são, de fato, almas gêmeas?
Você ainda não está totalmente convencido, ó incrédulo leitor? Pois contraponha a interplanetariamente renomada competência baiana à incomensurável habilidade mexicana. Compare, ó ímpio leitor, a higiene da capital mexicana ao lustro olfativo de Salvador. Examine, ó herético leitor, a paciência baiana e a tolerância mexicana. Meça, ó desconfiado leitor, o molejo baiano e a elasticidade mexicana. É preciso dizer mais?
Muito bom. Todo mundo sabe o bem que o senador Antonio Carlos Magalhães fez à Bahia. Todo mundo sabe que, sem ACM, a Bahia agora estaria à mercê dos Banespas da vida e dos morros de balas uivantes cariocas. Todo mundo sabe que, sem ACM, esse Estado progressista estaria hoje metido na mesma nhaca que o resto do país.
Pois então. FHC poderia chamar, sei lá, o Warren Christopher, o Alan Greenspan, o Newt Gingrich ou, quiçá, até o próprio presidente Clinton em pessoa, e propor o seguinte: a fim de sanar de vez a ressaca da tequila, a gente empresta o ACM ao México por tempo indeterminado e, obviamente, sem cobrar nada.
FHC eliminaria, assim, dois problemas de uma só vez: ACM sanearia a economia do México e, de quebra, o presidente se livraria da ciumeira das esquerdas tapuias, que não conseguem engolir os estreitos laços de amizade que hoje unem Fernando Henrique ao senador baiano.
Está vendo, ó descrente leitor: nessa vida, tem jeito para tudo. Menos para a morte.

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