São Paulo, quarta-feira, 15 de março de 1995
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Fidel pede investimento francês em Cuba

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

O líder cubano Fidel Castro voltou a vestir terno e gravata para convencer os empresários franceses a investir em sua ilha.
"O capitalismo não me quer. Sou eu que tento convertê-los ao socialismo", brincou, na saída de um encontro com 250 empresários, ontem, em Paris.
Em seu discurso, Fidel pediu aos patrões franceses que "sirvam de exemplo" investindo em Cuba. "Sua atitude tem uma grande influência sobre os EUA", disse.
O líder cubano discursou durante uma hora. Disse que a mudança de seu visual não irá além do terno e garantiu que não tira a barba.
O problema dos direitos humanos em Cuba parece não constranger os empresários. "Se colocássemos isso em evidência, não faríamos comércio", afirmou Jean-Pierre Desgeorges, vice-presidente do Conselho Nacional do Patronato Francês (CNPF).
Os EUA não apreciaram a hospitalidade dos franceses para com Fidel. A embaixada americana teria enviado uma "advertência" ao ministério francês das Relações Exteriores e ao CNPF.
A carta previne os franceses para "os riscos que correm" caso comprem em Cuba bens que pertenciam a norte-americanos antes da Revolução Cubana, em 1959.
Além do encontro com empresários, Fidel fez turismo, ontem, na capital francesa. Visitou o museu do Louvre (separado do resto do público), o túmulo de Napoleão 1º e a torre Eiffel e foi homenageado na Casa da América Latina.
No Louvre, diante do quadro "La Gioconda", a Monalisa de Leonardo da Vinci, o líder cubano perguntou: "Qual é o valor dela no mercado?"
A visita, que termina hoje, despertou reações variadas dos candidatos à Presidência francesa.
O premiê Edouard Balladur não quis encontrá-lo, alegando que a visita "é privada e não oficial".
O socialista Lionel Jospin foi cauteloso: "Sou contra o embargo dos EUA, mas não nego que o sr. Fidel Castro seja um ditador."

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