São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 1995
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Brizola reaparece e vê desgoverno no país

País enfrentaria 'sanha de especuladores'

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O ex-governador Leonel Brizola (PDT) disse ontem, em Porto Alegre, que a crise cambial vivida pelo Brasil revelou que o país se encontra numa "situação de desgoverno".
Segundo ele, o país "perdeu US$ 6 bilhões em três dias" porque está submetido "à sanha (fúria) de especuladores".
Brizola declarou que o episódio abalou a credibilidade do presidente Fernando Henrique Cardoso e as reformas que ele pretende fazer.
O líder pedetista disse que a situação não foi controlada de fato pelo governo, que teve de "ceder tudo" aos especuladores.
"Aumentaram os juros, tiraram os impostos, encheram de vantagem o capital especulativo", afirmou.
Para Brizola, o governo "está perdendo substância" à medida que o Plano Real dá sinais de "fracasso e fragilidade". Segundo ele, o Brasil tende a ter problemas como os do México e da Argentina.
O ex-governador negou haver divisão no PDT.
Ele disse que adversários tentam indispô-lo com os governadores pedetistas Dante de Oliveira (MT) e Jaime Lerner (PR).
"Ninguém fala na aposentadoria do doutor Roberto Marinho (presidente das Organizações Globo), que está com 91 anos. Eu, que tenho 73 anos, admito me aposentar 18 anos depois que ele (Marinho) for substituído".
Críticas
Brizola atacou o ministro da Agricultura, José Eduardo Andrade Vieira.
"É um político aproveitador, que não tem escrúpulos de se tornar o maior acionista de Volta Redonda quando era ministro da Indústria e Comércio".
Brizola disse que Vieira, presidente do PTB, "comprou uma rede de TV (CNT) e anda ensejando facilidades para políticos e deputados" com o objetivo de atraí-los para seu partido. "Ele anda espargindo dinheiro, segundo relatam integrantes do PTB fluminense", disse Brizola.
Andrade Vieira disse, em resposta, estranhar muito as declarações de Brizola e afirmou que seu interesse pela CNT é anterior à sua ida para o governo.

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