São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 1995 |
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Brigadeiro dá informação errada à Câmara
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Esta informação havia sido contestada pelo coordenador do Sivam, brigadeiro Marcos Antônio Oliveira, em depoimento à Comissão de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, anteontem, em Brasília. Ao responder pergunta sobre o processo feita pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), o brigadeiro disse que houve apenas uma auditoria e que o Senado dos EUA teria emitido um "nada consta" em favor da empresa. Ontem, o Ministério da Aeronáutica reafirmou em nota oficial (veja texto nesta página) a informação do brigadeiro de que não houve processo. O caso não chegou a ir aos tribunais porque as partes chegaram a um acordo em 28 de outubro do ano passado. Reembolso A Raytheon nunca admitiu ter praticado qualquer irregularidade, mas concordou em reembolsar US$ 4 milhões ao governo dos EUA, que, em troca encerrou o assunto. Esse tipo de acordo é comum nos EUA, para evitar altas despesas judiciais tanto do lado do acusador quanto do acusado. O litígio entre o governo norte-americano e a Raytheon ocorreu devido a um contrato de meados da década de 80 para o fornecimento de dois sistemas de radares Pave Paws para a Força Aérea. Os Pave Paws são radares destinados a detetar mísseis balísticos lançados de submarinos. O contrato tinha o valor de U$ 71,5 milhões. Como outras despesas do governo desta magnitude, esta foi auditada pelo General Account Office (GAO), órgão encarregado da contabilidade da administração federal. Para determinar se o orçamento da Raytheon estava correto, o GAO pediu à empresa informações detalhadas sobre o número de funcionários de alta qualificação necessários para o projeto. As informações não foram fornecidas e o Departamento da Justiça resolveu mover ação civil contra a Raytheon. Segundo a acusação, a Raytheon teve lucro de U$ 16,5 milhões com o contrato. Ação civil Em outubro do ano passado, o vice-presidente da empresa, Thomas Hyde, divulgou declaração em que dizia: "É importante ressaltar que essa foi uma disputa civil, não criminal". Hyde também afirmou que a Raytheon negava qualquer impropriedade na conduta da empresa. "A Raytheon é uma companhia altamente ética", disse. O Departamento de Relações Públicas da Raytheon disse ontem que a empresa forneceu ao Congresso do Brasil anteontem à noite esclarecimentos sobre o incidente. A Raytheon ganhou o contrato do Sivam depois que o presidente Bill Clinton fez um apelo pessoal por carta ao então presidente Itamar Franco para que isso acontecesse. Texto Anterior: Tuma será responsável por investigar Amorim Próximo Texto: Nota reafirma depoimento Índice |
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