São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 1995 |
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Grupo mata 3 garotos em Suzano
ROGERIO WASSERMANN; ANTONIO ROCHA FILHO
Segundo a polícia, os cinco tinham passagem pela Febem, por roubo ou consumo de drogas. Segundo o depoimento de M.S.F., 16, que conseguiu fugir, os cinco estavam cheirando cola na praça Padre Cícero, quando foram abordados por três homens desconhecidos, por volta de 0h. Os garotos fugiram para uma casa abandonada perto da praça, onde teriam sido baleados pelos três. João Henrique da Silva Oliveira, 15, André César Valdo, 14, e Romério Silva Alves, 16, baleados na cabeça, morreram no local. F.M., 13, foi baleado na barriga e conseguiu fugir, encontrando-se com M. numa rua vizinha, de onde eles teriam chamado a polícia. F. foi operado de madrugada e seu estado é regular. Segundo a direção da Santa Casa de Suzano, onde ele estava internado, ninguém da família foi visitá-lo até a tarde de ontem. No local onde os três foram mortos havia alguns documentos, que, segundo os moradores do bairro, seriam fruto de roubos cometidos pelos garotos. M. diz em seu depoimento que teria visto os três homens conversando com um dos donos da padaria Padre Cícero, que funciona na praça. O dono da padaria, Francisco José Druri, 21, afirma que fechou a padaria por volta das 21h45. "Pedi para as pessoas que ainda estavam aqui pagarem a conta para eu fechar a porta", diz. Druri afirma que não conhecia as pessoas. "Falo com todo mundo porque tenho que tratar bem meus clientes, mas isso não quer dizer que são meus amigos." Segundo Druri, a padaria já havia sido assaltada duas vezes. A última, no ano passado, por alguns adolescentes que foram pegos pela polícia. "Não saberia dizer se são os mesmos que foram mortos, porque não conhecia nenhum deles", afirma. Segundo o delegado Marcelo Damas, 33, da divisão de homicídios da seccional de Mogi, que preside o inquérito, a polícia trabalha com a hipótese de se tratar de um crime por encomenda. Até o final da tarde de ontem, ainda não havia pistas dos três assassinos. Às 9h de ontem, um outro adolescente foi encontrado carbonizado na periferia de Mogi das Cruzes (50 km a leste de São Paulo). A polícia descartou qualquer ligação entre os dois crimes. Segundo o delegado que cuida do caso, a única coincidência entre os dois é o fato de se tratarem de crimes contra adolescentes. O delegado Gérson Carvalho, 52, diretor do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), responsável pelas delegacias da Grande São Paulo, com exceção da capital, disse que "todos os recursos da Seccional de Mogi das Cruzes foram deslocados para a solução do caso". Segundo Carvalho, o caso é de extrema gravidade e a polícia usará todo o empenho para resolvê-lo. Colaborou ANTONIO ROCHA FILHO, da Reportagem Local. Texto Anterior: Restaurante de clube é vistoriado pelo Decon; São Paulo tem madrugada mais fria; Presos se rebelam e fazem refém em SP; Acidente na Dutra deixa três feridos; QUINA Próximo Texto: Pesquisadora vê 'rotina perversa' de impunidade Índice |
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