São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 1995
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Moralismo envelhece 'Anjos'

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Nos fim dos anos 30, "Anjos de Cara Suja" (Globo, 2h35) era uma solução. Ou ao menos parecia ser, tantas vezes ele é citado como uma das maravilhas do filme de gângster.
A história, singela, diz respeito a dois garotos pobres de Nova York. Pat O'Brien cresce e se torna um bondoso padre. James Cagney, um criminoso renitente. O padre tenta trazer os jovens para o bom caminho. O gânsgter trata de desencaminhá-los.
Não será indiscreto dizer que a moral da história é: o crime não compensa. O filme mesmo se encarrega de veicular essa idéia desde o início. Esse talvez seja um dos motivos por que, com o passar do tempo, "Anjos" interessa mais como uma postura de época do que como cinema.
Para que essa mensagem surja, cristalina, na tela, o roteiro se entope de ideologia e prejudica até o andamento da ficção, assumindo a tocada de demonstração de um teorema. Como teorema e ficção não são a mesma coisa, o C.Q.D. espalha-se por todas as cenas, está em cada esgar de Cagney, em cada carolice de O'Brien.
Se não freou a expansão das gangues juvenis, o tom didático do filme cria um efeito de estranhamento quase permanente, que ao mesmo tempo o data irremediavelmente e cria seu relativo encanto, que Michael Curtiz explorou o quanto pôde. A cena final, por exemplo, tem um brio e uma violência que resgata muitas das fraquezas da trama. Não todas, com certeza. (IA)

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