São Paulo, sexta-feira, 17 de março de 1995 |
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História da arte faz atravessar oceanos
CELSO FIORAVANTE
Quando: três aulas sempre às segundas-feiras, a partir do próximo dia 20, às 20h Preço: R$ 25 por aula Onde: Sala São Luiz (av. Juscelino Kubitschek, 1.830) Viagem: Espanha (entre 7 e 29 de maio) Viagem: História da Arte em Nova York Quando: entre 1O e 12 de abril Viagem: Viagem Cultural à França Quando: entre 1º e 26 de abril O Scriptorium de História da Arte promove a partir da próxima segunda feira a edição de 95 de seu curso-viagem Passaporte aos Museus. A edição deste ano é dedicada à Espanha. A escola, porém, não é a única que promove nos próximos meses viagens em que o objetivo principal é cultural e não apenas turístico. A Oficina Paulista de Arte levará interessados aos EUA e as sócias Mercedes Pacheco e Chaves Lunardelli e Helena Perez Conceição, à França (leia texto e quadro ao lado). Apesar de as coleções espanholas serem as privilegiadas no curso do Scriptorium, ele não é dedicado exclusivamente aos artistas espanhóis, como é possível notar nos títulos de suas três aulas, ou a temáticas exclusivamente plásticas. O professor Gilson Pedro administra o curso e orienta a viagem. Na primeira aula, por exemplo, a análise da obra "O Enterro do Conde Orgaz" (1586), de El Greco, ilustra a mística espanhola da época e a relação da corte com a religiosidade. A tela retrata santo Estevão e santo Agostinho que descem ao céu para o enterro do nobre, observados pela corte da época, inclusive o próprio pintor, em um de seus auto-retratos. A aula analisa alguns aspectos do quadro "As Meninas", de Velázquez, um dos maiores ícones da arte espanhola. A primeira aula se completa com a pintura barroca de Zurbarán. Na segunda aula, Gilson Pedro fala do interesse espanhol pela arte flamenga, principalmente através de Felipe 2º (1527-1598). Sob o domínio do monarca, a Espanha alcançou seu maior poder, extensão e influência. Apesar de ter ganho durante seu domínio o ducado de Milão e os reinos de Nápoles e Sicília, os olhos de Felipe 2º não era para os artistas italianos, mas sim para os flamengos. O interesse espanhol pela arte flamenga prossegue com os monarcas Felipe 3º (1578-1621) e Felipe 4º (1605-1665, patrono de Velázquez), o que rende ao país os mais importantes exemplares desta escola. A segunda aula termina com a obra "O Triunfo da Morte", de Brueghel, que ao contrário do que se pensa, não é a representação de um tema religioso, mas sim social, pois representa uma batalha, uma revolta. Goya e Picasso são os condutores da última aula, "Saturno Devora seus Filhos". Segundo reza a mitologia, ao ser vencido por Zeus, Cronos (chrónos: tempo, em grego) é atirado na Terra, onde se transforma em Saturno e devora seus filhos. A obra de Picasso, principalmente seus auto-retratos, servirá para uma analogia entre o passar do tempo para o artista e a crueldade do tempo (Cronos), que devora seus filhos. Este caráter antropofágico aparece ainda na "Santa Ceia", de Salvador Dalí, em que Cristo divide seu corpo entre seus seguidores. A aula aborda ainda os afrescos românicos da Catalunha (séculos 10 a 12), uma forte influência nos trabalhos de Mir• e Picasso. Esses dois artistas são destaque em uma das cidades visitadas na viagem que completenta o curso: Barcelona. A cidade abriga a Fundação Mir•, o museu Picasso e o museu de arte da Catalunha. Em edições anteriores, o Scriptorium já promoveu viagens a Nova York, Itália, Japão e França. Texto Anterior: Denise Milan exporta sua arte pública para as ruas de Nova York Próximo Texto: França e NY são roteiros Índice |
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