São Paulo, sábado, 18 de março de 1995 |
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Militares da reserva criticam MP no Rio
JOÃO BATISTA NATALI
A linguagem utilizada no documento pelo general João Cosenza, pelo major-brigadeiro Octávio Monteiro de Araújo e pelo vice-almirante Victor Alberico Boisson Moraes é dura e inabitual. A MP contestada muda a data de pagamento dos servidores civis e militares. O pagamento, que ocorria no segundo dia útil após o dia 20 do mês trabalhado, foi deslocado para o mês seguinte, entre o segundo e o quinto dias úteis. Na impossibilidade de os militares se reunirem em sindicatos, os três clubes acabam por vezes exercendo informalmente essa função. O governo, segundo os signatários do texto, "aperta ainda mais o garrote nos militares e nos servidores civis, ao mesmo tempo em que aumenta enormemente os salários dos escalões a serem preenchidos (...) em atendimento às indicações políticas". Os presidentes dos três clubes, todos oficiais da reserva, afirmam que a MP foi "imaginada por alguém despido de sensibilidade social" e a qualificam de "teste sádico para os militares, imprensados entre o pagamento após o vencimento das contas e o regulamento que determina punição a quem não cumprir as suas obrigações pecuniárias". O documento diz ainda que o dever de reserva próprio aos oficiais superiores "não nos obriga a calar diante de um instrumento que foi concebido, preparado e posto em vigor às escondidas dos ministros militares, como se a equipe econômica já antecipasse a resistência dos representantes das Forças Armadas no governo". Como prova do que acreditam ser uma injustiça, os presidentes insistem que "nenhum sacrifício é pedido aos poderes Legislativo e Judiciário, estes também favorecidos na distribuição de benesses pagas com recursos retirados de um mesmo Tesouro Nacional". Emfa O Emfa (Estado-Maior das Forças Armadas) não condenou ontem as declarações dos militares. "A preocupação desse grupo não difere muito da nossa, o que difere é o modo de conduzir esta questão", disse o general Synésio Fernandes, chefe da Assessoria de Estudos e Atividades Especiais do Emfa. (João Batista Natali) Colaborou a Sucursal de Brasília Texto Anterior: Raphael é subordinado a FHC Próximo Texto: Revogada proibição de contratar anistiados Índice |
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