São Paulo, sábado, 18 de março de 1995
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Militares da reserva criticam MP no Rio

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os presidentes dos clubes Militar, Naval e de Aeronáutica divulgaram ontem, no Rio, mensagem conjunta em que atribuem a MP (medida provisória) 936 a "economistas insensíveis, burocratas deslumbrados, políticos sem visão e revanchistas extemporâneos".
A linguagem utilizada no documento pelo general João Cosenza, pelo major-brigadeiro Octávio Monteiro de Araújo e pelo vice-almirante Victor Alberico Boisson Moraes é dura e inabitual.
A MP contestada muda a data de pagamento dos servidores civis e militares. O pagamento, que ocorria no segundo dia útil após o dia 20 do mês trabalhado, foi deslocado para o mês seguinte, entre o segundo e o quinto dias úteis.
Na impossibilidade de os militares se reunirem em sindicatos, os três clubes acabam por vezes exercendo informalmente essa função.
O governo, segundo os signatários do texto, "aperta ainda mais o garrote nos militares e nos servidores civis, ao mesmo tempo em que aumenta enormemente os salários dos escalões a serem preenchidos (...) em atendimento às indicações políticas".
Os presidentes dos três clubes, todos oficiais da reserva, afirmam que a MP foi "imaginada por alguém despido de sensibilidade social" e a qualificam de "teste sádico para os militares, imprensados entre o pagamento após o vencimento das contas e o regulamento que determina punição a quem não cumprir as suas obrigações pecuniárias".
O documento diz ainda que o dever de reserva próprio aos oficiais superiores "não nos obriga a calar diante de um instrumento que foi concebido, preparado e posto em vigor às escondidas dos ministros militares, como se a equipe econômica já antecipasse a resistência dos representantes das Forças Armadas no governo".
Como prova do que acreditam ser uma injustiça, os presidentes insistem que "nenhum sacrifício é pedido aos poderes Legislativo e Judiciário, estes também favorecidos na distribuição de benesses pagas com recursos retirados de um mesmo Tesouro Nacional".
Emfa
O Emfa (Estado-Maior das Forças Armadas) não condenou ontem as declarações dos militares.
"A preocupação desse grupo não difere muito da nossa, o que difere é o modo de conduzir esta questão", disse o general Synésio Fernandes, chefe da Assessoria de Estudos e Atividades Especiais do Emfa. (João Batista Natali)
Colaborou a Sucursal de Brasília

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