São Paulo, domingo, 19 de março de 1995
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E volta a rotina de demissão de técnicos

TELÊ SANTANA

O Campeonato Paulista mal chegou à decima rodada e já repete a mesma rotina desalentadora de anos anteriores: as demissões de técnicos.
Em sete clubes, Araçatuba, Bragantino, Corinthians, Guarani, Juventus, Ponte Preta e União São João, os técnicos que iniciaram o Campeonato Paulista não continuam nos cargos. E o campeonato nem completou um terço dos jogos da primeira fase.
A questão é que muitos dirigentes não têm paciência para esperar os técnicos montarem seus times e mostrarem seu trabalho. Em tão pouco tempo, nenhum treinador consegue mostrar do que é capaz.
Além disso, muitos clubes contratam o treinador dias antes de o campeonato iniciar ou com a competição já em andamento.
O treinador, quando chega para trabalhar, não conhece seus jogadores. Pode ter informações pela imprensa, mas isso não diz muito.
Só a convivência mostra ao técnico o que ele pode tirar de cada jogador, como ele tem que agir para cada um render mais.
Esse foi o caso específico do Givanildo, que só ficou 13 dias como técnico do Guarani. Ele foi embora antes que pudesse conhecer seus jogadores.
Uma parte desse problema está na maneira com que os técnicos são contratados. Quando um clube precisa de um treinador, ele deve ir atrás de alguém em quem confie.
Não se pode contratar um técnico apenas porque no momento é o que está disponível, o que está sem clube.
Outro problema são as relações entre os técnicos e os dirigentes. Muitas vezes, os treinadores se demitem porque não concordam com decisões dos dirigentes.
De todos os clubes, o caso extremo é o Guarani, que já até trocou duas vezes de treinador neste ano —Oswaldo Alvarez e Givanildo—, sem contar a saída do Carlos Alberto no fim do ano passado.
O que me estranha mais é que o Guarani fez uma boa campanha no Campeonato Brasileiro, fez contratações, mas este ano não confirmou a expectativa.
Por esses motivos, sou a favor de que o Sindicato dos Técnicos obrigue os clubes a fazerem contratos com os técnicos com uma multa por quebra de compromisso.
Assim, os dirigentes pensariam melhor antes de contratar ou demitir os treinadores. E estes poderiam trabalhar com mais confiança.
Digo isso com tranquilidade porque não me incluo nesse caso. Não faço contratos escritos, apenas verbais. Ajo assim porque se não estiver satisfeito quero poder sair na hora que decidir. Se tiver que sair, saio.
Se não estiverem satisfeitos, me avisam e está resolvido.

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