São Paulo, domingo, 19 de março de 1995
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Deputados chineses desafiam o PC

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um terço dos deputados do Congresso Nacional do Povo, o Parlamento da China, rebelou-se ontem contra o governo do Partido Comunista ao rejeitar proposta oficial de uma nova lei de controle do banco central do país.
Tradicionalmente o CNP, que se reúne por apenas duas semanas a cada ano, mostra-se dócil às propostas dos comunistas, que detêm o monopólio do poder desde 1949.
"Os deputados ofereceram algumas críticas e sugestões. Portanto eu acredito que esta sessão é uma reunião totalmente democrática", reagiu o primeiro-ministro Li Peng no discurso de encerramento da sessão legislativa de 1995.
A nova lei de controle do banco central foi aprovada por 1.781 votos contra 509, com 360 abstenções; 28 deputados não votaram.
Ontem também passou a primeira lei do regime comunista chinês a regulamentar o sistema de educação, com 1.989 votos a favor, 354 contra, 307 abstenções e 28 ausências.
Foi a segunda rebelião de deputados em dois dias. Na sexta-feira, apenas 63,4% dos parlamentares apoiaram a nomeação pelo governo de um novo vice-primeiro-ministro encarregado de supervisionar a agricultura.
O premiê Li Peng disse acreditar que seu novo vicê, Jiang Chunyun, "receberá o apoio do Comitê Central do Partido Comunista e do Conselho de Estado" (ministério).
Vários deputados criticaram abertamente a nova lei de controle do banco central, segundo a qual a instituição e suas políticas monetárias serão supervisionadas ao Conselho de Estado. Eles disseram que o Comitê Permanente do CNP poderia agir nessa área com mais independência.
A China vive uma transição política, com a perspectiva da morte do dirigente máximo Deng Xiaoping, 90, principal responsável pelas reformas econômicas em andamento desde 1978.
A maioria dos analistas acredita que o processo de liberalização da economia enfraquece na prática o poder do Partido Comunista, embora os dirigentes estejam preparando a sucessão em torno do presidente Jiang Zemin.
Ao encerrar a sessão legislativa, o presidente do CNP, Qiao Shi, criticou a corrupção, atribuída à crescente autonomia das Províncias e questões econômicas.

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