São Paulo, domingo, 19 de março de 1995
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Fracassomania

"Como sátira, 'Carlota Joaquina, Princesa do Brazil' é ótimo. Como história, porém, é zero. A começar pelo titulo: Carlota Joaquina nunca foi princesa do Brasil. É aí que fico preocupado: as pessoas saem do cinema achando que aprenderam história. Eu, que conheço os fatos, ri à beça, porque é um filme engraçado, que acentua os aspectos grotescos de algumas figuras. Mas, e 95% dos brasileiros, que não conhecem sua história? Poderia ser sátira, sim, mas baseada ao menos em verdades. D. João 6º é retratado como um bobalhão, e não é verdade. O próprio Napoleão escreveu em seus diários que considerava o rei um grande estrategista, o mais esperto dos que ele enfrentou. Não fosse por ele, o Brasil não seria independente. Sim, porque quando ele sabiamente transferiu a corte para o Rio, plantou a base da independência aqui. Não fico nem ofendido com a caracterização de um D. João bobo e glutão - Marco Nanini aliás está excelente -, mas fico triste. Outra coisa surreal é o fato de 'Carlota Joaquina' ter sido financiado pelo Banco do Brasil, que foi fundado por D. João 6º! Por fim, é uma pena o filme pregar essa 'fracassomania', em que tudo que é nosso tem de ser ruim."
Depoimento de D. João de Orleans e Bragança, 40, tataraneto de D. João 6.o, à Revista da Folha.

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