São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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D. Pedro Gastão dará aulas em Petrópolis

Tema será a vida da família imperial

AZIZ FILHO
DA SUCURSAL DO RIO

D. Pedro Gastão de Orleans e Bragança, 82, neto da princesa Isabel e patriarca de um segmento da família imperial, vai dar aulas em escolas municipais de Petrópolis, cidade serrana a 66 quilômetros do Rio, onde mora. A cidade foi fundada por seu bisavô, d. Pedro 2º, em março de 1843.
Ele vai ensinar a história de Petrópolis e da família imperial, quando voltar da Espanha, onde ajudou a preparar o casamento da filha do rei Juan Carlos, seu sobrinho, no dia 18.
Dom Pedro disse à Folha, por telefone, que o convite o deixou "comovido". Ele não vai receber dinheiro. Segundo ele, sua família "sempre esteve ligada à educação e ao saber".
O príncipe vai dar 30 aulas, divididas em dez escolas. "A maioria das escolas foi doada por meu pai, minha avó ou meu bisavô." As aulas serão gravadas e exibidas em vídeo em outras 103 escolas da rede municipal, que tem 30 mil alunos.
O convite foi feito pelo secretário municipal de Educação, Carlos Alberto de Oliveira, no dia 20 de fevereiro, durante visita da ex-ministra e ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina ao palácio Grão-Pará, onde d. Pedro mora com a mulher, a princesa Esperanza.
Dois dias antes, o prefeito Sérgio Fadel (PDT) nomeara Erundina sua assessora especial. Ela chamou d. Pedro de "meu irmão", abandonando o "sua alteza".
"Se ele não perdeu as estribeiras ao ser chamado de 'meu irmão' pela Luiza, achei que não se incomodaria de ser chamado de 'tio' ou 'vovô' pelos favelados", disse Oliveira.
Alunos
A idéia de chamar um herdeiro da família imperial para dar aulas nas escolas municipais tem aprovação unânime dos alunos, mas não faz sucesso entre os professores.
A Folha consultou 50 alunos do turno da manhã do Liceu Municipal, uma escola tradicional, e todos, sem exceção, disseram gostar da idéia.
"Eles são simpáticos, parecem gente como a gente", disse Liziane Brugiolo, 16, da 6ª série. Sua maior curiosidade a respeito do príncipe: "Como será que ele se diverte?"
O diretor do turno da manhã, Joel Rempto, diz que d. Pedro "só sabe andar com um cavalinho francês. Não vai dizer que eles (os membros da família imperial) são uns exploradores".
A coordenadora pedagógica Maria Dircéia da Silva concorda com o diretor. "O que ele vai ensinar? Não sabe nada."
O secretário municipal de Educação, Carlos Alberto Oliveira, admitiu que o príncipe deve exaltar o lado positivo da família imperial, mas afirmou que o objetivo é esse mesmo.

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