São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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IPC-r pode deixar de corrigir salários

ALBERTO FERNANDES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A nova política salarial que o ministro da Fazenda, Pedro Malan, pretende implantar a partir de julho, com repasses apenas parciais da inflação aos salários, poderá excluir o IPC-r, índice que hoje calcula a inflação.
É possível que, em seu lugar, seja adotado um índice dessazonalizado —diminuindo o peso de preços que aumentam em função de fatores temporários, como secas ou entressafra agrícola.
O uso desse tipo de índice para medir a inflação vem sendo estudado pelo governo desde o lançamento do Plano Real. A grande vantagem de expurgar aumentos de preços temporários é evitar a aceleração da inflação.
O raciocínio é o seguinte: com um índice influenciado por fatores sazonais, o aumento do preço do feijão na entressafra obriga as indústrias a reajustar seus salários. Isso, por tabela, aumenta também os custos industriais. Assim, um aumento de preços temporário gera outros permanentes.
A idéia de modificar a forma de cálculo do índice usado para salários ganha força em função de divergências entre alguns técnicos do governo e os métodos usados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas).
Essas diferenças de pensamento foram expostas em agosto do ano passado, quando a inflação do primeiro mês do real, julho, ficou em torno de 7%. Alguns técnicos do governo atribuiram o valor a um suposto erro metodológico.
A decisão de manter alguma forma de correção de salários a partir de julho foi tomada pelo governo após mudança na política cambial, que deverá elevar a inflação. O plano Real previa correções salariais obrigatórias só até junho.
Com a manutenção da indexação, o governo evita defasagens muito grandes ou indexação informal de salários em acordos entre empresas e empregados.

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