São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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Festa de 26 anos da ECT reúne 'torre de Babel' criada por Motta

GABRIELA WOLTHERS
LUCAS FIGUEIREDO

GABRIELA WOLTHERS; LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A solenidade de comemoração dos 26 anos da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), ocorrida ontem, comprovou que Sérgio Motta transformou o Ministério das Comunicações em uma "torre de Babel" ideológica.
Ao contrário da passagem bíblica, a convivência de ex-militantes de esquerda com pefelistas, ex-ministros de Itamar Franco, petistas, militares e empresários está sendo, até o momento, pacífica.
Lado a lado na cerimônia estavam Henrique Hargreaves, ex-ministro da Casa Civil de Itamar e que hoje ocupa a presidência da ECT, e Egydio Bianchi, ex-militante do grupo de esquerda clandestino AP (Ação Popular), que se tornou vice da empresa.
Itamar também indicou Alexis Stepanenko, seu ex-ministro do Planejamento e das Minas e Energia, para a diretoria comercial da ECT. Ele afirma conviver bem com o diretor administrativo da empresa, o ex-deputado Nelson Morro (PFL-SC), indicado por Jorge Bornhausen.
Também estava presente Sálvio Costa, ex-secretário da Receita Federal de Itamar, agora diretor financeiro dos Correios.
Stepanenko não desgrudou de seu telefone celular durante a execução do Hino Nacional.
A "torre de Babel" não se limita aos Correios. O caldeirão ideológico montado por Motta —também ex-integrante da AP— se espalha por todo o ministério.
É o caso da ex-deputado Irma Passoni (PT), assessora especial do ministro, que costumava travar disputas com técnicos do ministério quando estava no Congresso.
Um destes técnicos é o atual secretário de Serviço de Comunicação, Renato Guerreiro, que fez carreira dentro do ministério.
Ele é ligado ao antecessor no cargo, Sávio Pinheiro, que saiu do serviço público e hoje é diretor da Motorola —fabricante de equipamentos de telecomunicações.
Para a secretária executiva do ministério, Motta nomeou Fernando Xavier Ferreira, ex-presidente da Telepar (empresa de telefonia do Paraná), ex-presidente da hidrelétrica de Itaipu e que ocupava a superintendência da companhia de cimento Itambé quando foi convidado para o posto.
Ele afirma não ter filiação política, mas não esconde sua amizade com o ex-deputado Euclides Scalco (PSDB-PR), ligado ao presidente Fernando Henrique Cardoso.
O coordenador de assessoria técnica especial do ministério, José Prata, foi integrante do grupo clandestino de esquerda Polop (Política Operária), considerado mais radical do que AP.
Já na presidência da Telebrás, Motta seguiu a tradição e nomeou um militar —Lélio Viana Lôbo, ex-ministro da Aeronáutica.

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