São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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A reciclagem de lixo

WERNER ZULAUF

O colapso do sistema de destino final de lixo de São Paulo é iminente. O aterro sanitário de Santo Amaro (Interlagos) pode desabar a qualquer momento, obstruindo o canal do rio Pinheiros ou soterrando a ferrovia da Fepasa. O aterro de Vila Albertina (Cantareira), se desabar, pode soterrar duas indústrias e várias casas. O aterro de Bandeirantes (Perus) já desabou uma vez matando um operário e poderá ser objeto de novos acidentes.
As emissões de gases e líquidos percolados (chorume) dos aterros constituem problemas ambientais graves, afetando a saúde das populações vizinhas. Os incineradores existentes (dois) são velhos e tecnologicamente superados, já que não possuem nem filtros nem lavadores de gases da combustão. As usinas de compostagem (duas) são também obsoletas do ponto de vista tecnológico, gerando sérios incômodos (mau cheiro) à população vizinha.
Este é o cenário em que se deu a decisão para resolver o mais grave problema ambiental de São Paulo.
A solução é suprapartidária, já que se baseia em diretrizes formalizadas pela prefeita Luiza Erundina, e está sendo implementada pelo prefeito Paulo Maluf. Até o saudoso prefeito José Carlos de Figueiredo Ferraz deu uma valiosa contribuição: a viabilidade do empreendimento, mediante concessão à iniciativa privada, decorre da Lei 7.852/73 de sua iniciativa.
A solução adotada para o lixo seco é a mais moderna do mundo, já que permite a reciclagem de todos os materiais para os quais haja mercado, incinerando-se o restante, com reaproveitamento de energia termo-elétrica.
A fração úmida (lixo orgânico) será reciclada em biogás (energia de biomassa) e composto orgânico, fertilizante agrícola.
O montante dos investimentos, do mais completo sistema de macroreciclagem do mundo, será da ordem de 600 milhões de dólares, todos investidos pela iniciativa privada. A prefeitura pagará por tonelada de lixo processado.
A população também será chamada, no momento oportuno, a dar a sua contribuição, separando o lixo doméstico em duas frações: o lixo úmido (orgânico) será acondicionado em um recipiente e todo o restante (lixo seco) o será em outro. A entrega, para a coleta, será simultânea (não haverá coleta diferenciada para um ou outro lixo) e os caminhões coletores terão dois compartimentos, um para cada tipo de lixo.
Por fim, todas as instalações passam por um crivo de licenciamento ambiental, promovido pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) e pelo Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (CADES), que exigem os mais rigorosos parâmetros de controle ambiental do mundo.

WERNER E. ZULAUF, 58, engenheiro civil e sanitarista, é secretário Municipal do Verde e do Meio Ambiente de São Paulo.

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