São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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Venda a prazo cai 14% com alta do juro

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

As vendas despencaram no último final de semana sobre o anterior. A procura pelo crediário caiu 14,4% e os negócios à vista diminuíram 4,4% no período.
Os números são da Associação Comercial de São Paulo. Ela se baseia no número de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e ao Telecheque.
"Os lojistas estão mais rígidos na liberação do crédito ao consumidor por causa da inadimplência. Fora isso, parte da demanda já foi atendida", afirma Marcel Solimeo, economista da associação.
As vendas a prazo e à vista também estão mais fracas neste mês quando a comparação é feita entre os dias 1º e 19 de março sobre igual período de fevereiro.
Neste caso, a procura pelo crediário diminuiu 2%. A venda à vista caiu 2,8%, ainda segundo levantamento da associação. "Se as taxas de juros continuarem nos patamares em que estão o consumo pode cair ainda mais", diz Solimeo.
João Alberto Ianhez, diretor da rede de lojas Arapuã, confirma que as vendas estão em queda. "O mercado está bem mais fraco. As medidas do governo para frear o consumo funcionaram."
A tendência, diz ele, é a de as taxas de juros subirem ainda mais. A Arapuã, de qualquer forma, afirma, vai tentar mantê-las —entre 8,5% e 12,5% ao mês— para minimizar o impacto da queda no movimento.
Nessa rede lojas, a venda a crédito representa entre 55% e 60% do faturamento. "Nossa expectativa é a de ao menos manter esses percentuais."
A empresa, conta ele, decidiu, por enquanto, reduzir de 18 para 15 meses o prazo de financiamento do seu crediário. "É que quanto maior o prazo maior o juro. E juro alto inviabiliza venda."
O Mappin não mexe, por enquanto, nem nos juros —de 9,8% ao mês, em média— nem no crediário —de até 12 meses.
A diretoria da empresa informa que a liquidação de verão —os descontos vão de 5% a 30%— mantém o ritmo de vendas.
O Banco Martinelli, que financia a venda a prazo para várias lojas de material de construção —Uemura, Di Cicco, Mundo Novo e Conibra, por exemplo—, vai esperar até a próxima quarta-feira para decidir se sobe ou não as taxas de juros.
Desde o início do mês, conta Edson Ferreira, coordenador da área de crédito direto ao consumidor do banco, os juros cobrados dos clientes das lojas variam de 13% a 15%.
"Hoje (ontem) o mercado está calmo. Vamos ver como ele se comporta daqui para frente." Segundo Ferreira, a procura pelo crediário nas lojas de materiais de construção está estabilizada.
"O que caiu pela metade foi a procura pelo financiamento de veículos. Isso aconteceu depois que o governo cortou, em outubro do ano passado, de 18 meses para três meses o prazo para pagamento dos carros."
Mercado parado
A falta de financiamento mantém o mercado de carros usados paralisado.
Segundo levantamento da Assovesp (Associação dos Revendedores de Veículos Automotores no Estado de São Paulo), apenas 4.719 automóveis foram negociados no Estado na primeira quinzena deste mês.
"As vendas pararam de cair, mas o volume de negócios está muito baixo e os estoques são altos", diz o presidente da entidade, Avelino Augusto Teixeira.

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