São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
Próximo Texto | Índice

Menem 'relança' campanha eleitoral

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

A campanha à reeleição do presidente Carlos Menem ganhou novo rumo após a morte de seu filho Carlos Facundo Menem.
Ele se reconciliou com a mulher Zulema Yoma, e decidiu abandonar o excesso de efeitos eletrônicos nos comícios.
Menem faz questão de mostrar uma família unida depois da morte do filho, na última quarta-feira. No domingo, Zulema e Menem trocaram beijos no rosto numa missa realizada para o filho.
Desde a última quarta-feira ela voltou a morar na Quinta Presidencial de Olivos.
Na noite de sexta-feira, Menem ocupou cadeia nacional de rádio e TV para agradecer aos argentinos, em nome da mulher e da filha, Zulemita, as manifestações de solidariedade recebidas pela família.
Em 1990, Menem expulsou Zulema da Quinta. Desde então, ela atacou o marido e acusou integrantes do governo de corrupção.
Há pouco menos de dois meses, o presidente se referia à mulher como "a louca".
A assessoria dos principais candidatos de oposição —José Octavio Bordón, da Frepaso (Frente País Solidário), e Horacio Massaccesi, da União Cívica Radical— temem que o presidente Menem capitalize a seu favor o efeito da perda do filho.
A coordenação de campanha de Menem crê que o presidente se tornaria um candidato imbatível caso continue superando a morte do filho, sem reduzir o ritmo da campanha.
Um dos principais temores do comitê de campanha é que ocorram conflitos sociais nas Províncias por causa do desemprego e atraso no pagamento dos funcionários públicos antes das eleições de 14 de maio. Menem tem hoje 40% das intenções de voto.
O presidente da CGT (Central Geral dos Trabalhadores), o menemista Antônio Cassia, disse ontem que existe risco de "explosão social" em algumas províncias.
Depois de cair cerca de 20 pontos nas pesquisas de intenção de voto, Massaccesi relançará sua campanha. Ele afirmou ontem que recuperará a posição perdida para Bordón, que hoje tem 30% das intenções de voto.
Massaccesi despencou nas pesquisas por causa da insolvência (incapacidade de pagar os compromissos em dia) da Província de Rio Negro, da qual é governador.
No esforço de impulsionar a sua campanha, Massaccesi fez uma consulta popular no domingo para saber a opinião dos eleitores de Rio Negro sobre a privatização de estatais da Província, propostas pelo governo de Carlos Menem.
Cerca de 64% dos votantes disseram não à privatização. "Os eleitores da minha Província disseram não à chantagem e extorsão de Menem e Cavallo (Domingo Cavallo, ministro da Economia), disse Massaccesi.
Os principais líderes da UCR reuniram-se no início da noite com Massaccesi para definir um estilo mais agressivo de campanha.
Na falta de um programa econômica consistente e alternativo ao de Menem, Massaccesi atacará o desemprego e a privatização.
O maior problema da UCR é o processo de adesão de membros do partido à candidatura do senador José Octavio Bordón, da Frepaso (Frente País Solidário).
Depois da saída do ex-chanceler Dante Caputo da UCR, para comandar a campanha de Bordón, novas lideranças do radicalismo negociam o apoio ao senador.

Próximo Texto: Última libra rende prêmio na loteria; Europeus aprovam pacto de estabilidade; Itália libera verba da Aids após protesto; Viúva de Schindler se reúne com o papa; Barco atômico entra em águas chilenas; Executado homem que preferiu a morte; Morto chefe da máfia calabresa; Começa reunião de maçons no México
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.