São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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Turquia ataca curdos dentro do Iraque

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Turquia lançou ontem uma ofensiva militar em território do Iraque contra bases dos guerrilheiros separatistas curdos, com tanques, aviões, artilharia e cerca de 35 mil soldados.
Em Ancara, o coronel Ihsan Ongun, porta-voz das Forças Armadas turcas, relatou a jornalistas que as tropas do país penetraram 5 km em território iraquiano, numa frente de 220 km de largura.
Segundo ele, o plano da Turquia é avançar mais 35 km além da fronteira do Iraque, para atacar bases que abrigariam 2.000 guerrilheiros do PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão).
O porta-voz do governo turco, Yildirin Aktuna, informou mais tarde que aviões do país bombardearam várias posições da guerrilha em território iraquiano.
"Um ataque aéreo foi lançado nas regiões de Sinat e Bokan. Ocorreram 33 missões; os alvos foram destruídos e os aviões voltaram a suas bases", afirmou.
Segundo o Estado-Maior, os 14 aviões usados no ataque despejaram 76 bombas sobre as bases da guerrilha curda.
A ofensiva turca ocorreu na véspera do Ano Novo dos curdos, o chamado Nowrouz, em que eles comemoram um levante armado ocorrido há mais de 2.000 anos.
Esse feriado costuma ser marcado por atentados e protestos dos curdos pela independência de seu território, que compreende o leste da Síria, o sudeste da Turquia e o norte do Iraque.
No sábado, uma unidade de guerrilheiros do PKK emboscou um comboio militar turco nas montanhas Munzur (leste do país), matando 18 soldados.
Justificando a ofensiva, a primeira-ministra Tansu Çiller disse que "o PKK, devido à falta de autoridade no norte do Iraque, intensificou suas atividades contra a Turquia a partir dessa região".
"A operação, que visa proteger as vidas e a segurança de gente inocente, terá duração limitada e as forças envolvidas serão retiradas imediatamente após a eliminação dos alvos", afirmou.
O PKK, cuja atividade já causou mais de 15 mil mortes desde 1984, controla praticamente toda a região norte do Iraque.
Uma das sanções internacionais impostas ao regime do presidente Saddam Hussein após a derrota do Iraque na Guerra do Golfo (1991) é a proibição de qualquer atividade militar nessa região.

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