São Paulo, terça-feira, 21 de março de 1995
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Palavras caras

Os mercados brasileiros voltaram a se agitar ontem, graças a mais uma série de desencontros verbais de uma autoridade do governo, o ministro da Fazenda, Pedro Malan.
Primeiro, em café da manhã com um grupo restrito de empresários alemães, em Frankfurt, o ministro admitiu a hipótese de "algumas correções extras" na taxa cambial, se necessário. Depois, em palestra a um grupo mais numeroso, sempre em Frankfurt, Malan disse que a banda decidida há duas semanas será mantida "por muito tempo".
Indagado pela Folha sobre a aparente contradição, Malan voltou a aceitar a hipótese de alterar o câmbio, embora não imediatamente. "'Não quer dizer que vai haver mudanças na semana que vem ou em 15 dias; os prazos serão mais longos", afirmou.
O primeiro aceno, o das "novas correções", cruzou rapidamente os cerca de 13 mil quilômetros que separam Frankfurt de São Paulo, bateu na Bolsa e provocou o que as autoridades econômicas definiram como "grande transtorno".
No caso específico, não há como culpar a volatilidade do mercado financeiro. Não que Malan tenha dito algo de novo. Apenas parece ter explicitado a insegurança das autoridades econômicas, que não querem ficar prisioneiras de um compromisso com qualquer paridade cambial entre o real e o dólar. Mas essa liberdade custa caro, muito caro, em termos de perda de reservas.

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