São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Justiça repõe perdas de 400 mil servidores

SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quase metade dos 796 mil servidores públicos federais tem vantagens salariais obtidas por sentenças judiciais, segundo técnicos do Ministério da Administração e Reforma do Estado. O fracasso dos planos econômicos é o principal motivo da corrida do funcionalismo à Justiça.
Diariamente, entre 15 e 20 processos chegam ao Ministério para análise técnica, o que equivale a mais de 4.000 processos por ano. Todos têm decisão contrária à União e são contestados. Uma ação pode reunir até 300 pessoas.
O próprio ministro da Administração e Reforma do Estado, Luiz Carlos Bresser Pereira, é um dos responsáveis pela demanda judicial do funcionalismo. Ele é autor do Plano Bresser, de 1987, que levou milhares de servidores a pleitear o pagamento de uma perda salarial de 26,05%.

Sem controle
O governo não sabe quanto já gastou com o cumprimento das sentenças judiciais. A equipe técnica do Ministério tentará identificar a despesa até o final deste mês através do Sistema Integrado de Administração dos Recursos Humanos (Siape).
Os órgãos terão de informar no Siape todas as vantagens pagas a cada servidor com base em sentença judicial e especificar qual é a causa perdida pela União para justificar o pagamento.
O Tesouro libera R$ 2 bilhões por mês para a folha de pagamentos. Pelo menos 50 mil funcionários públicos, a maioria de universidades, não têm cadastro no Siape, o sistema de informações sobre pessoal.
Bresser não vê solução administrativa para conter o impacto do cumprimento das sentenças na folha de pagamentos, segundo sua assessoria. Qualquer mudança na estrutura do Estado não vai reduzir a pressão pelo pagamento de perdas salariais atribuídas a planos econômicos fracassados e mudanças na legislação do funcionalismo.

Perdas
Além do Plano Bresser, outras perdas contestadas são 26,55% do Plano Verão, de 1989, e 84,32% do Plano Collor.
A única medida administrativa possível é melhorar a contestação das ações trabalhistas, com a ampliação das procuradorias dos órgãos federais, segundo a assessoria de Bresser.
Na Advocacia Geral da União, responsável pela defesa dos órgãos da administração direta, a orientação é entrar com ação rescisória para suspensão de pagamento em todas as sentenças que já asseguraram ganho salarial para o servidor.
As principais vitórias do funcionalismo foram no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), TST (Tribunal Superior do Trabalho) e STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Última instância
As decisões do STF, a última instância, relativas a planos econômicos foram até agora desfavoráveis aos servidores.

Texto Anterior: PF investiga ligações de Amorim na Bolívia
Próximo Texto: Maioria tem salário baixo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.