São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 1995
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PP ameaça votar contra reforma; FHC oferece cargos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso sufocou temporariamente a crise com o PP, que ameaçava deixar o governo. FHC pediu um prazo para entregar os cargos reivindicados pelo partido. O PP deu o prazo, mas disse que deixa o governo se não receber os cargos até o início da reforma constitucional.
Em audiência com o presidente do PP, Álvaro Dias, FHC explicou o atraso na distribuição dos cargos: "Estamos fazendo um rastreamento dos cargos de segundo e terceiro escalões. Pretendo preenchê-los sem criar crises".
Fernando Henrique reafirmou que deseja contar com o PP no governo: "Reconheço que o partido não participa e desejo vê-lo participando. Quero o PP definitivamente integrado ao governo".
A Executiva Nacional do PP realizou reunião com as bancadas na Câmara e no Senado à tarde. Os parlamentares ficaram divididos nos debates, mas aceitaram conceder mais um prazo para o presidente entregar os cargos.
"Ninguém anuncia que vai para a oposição. Isso a gente mostra no voto", resumiu o deputado Flavio Derzi (PP-MS). Isso significa que o PP deverá começar a votar contra o governo na reforma se não receber antes os cargos federais.
Os principais cargos pedidos pelo PP são as presidências da Eletrobrás e do Incra e diretorias da Embratel, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e das Companhias de Telecomunicações nos Estados.
O PP faz outra reunião das bancadas na próxima terça-feira, quando será novamente discutido o possível rompimento com o governo.
Dias acrescentou que setores do partido temem sofrer desgaste ao aprovar propostas impopulares apresentadas pelo governo para a reforma. O PP vai analisar amanhã as propostas apresentadas ontem ao partido pelos ministros de FHC.
Aliciamento
O PP também decidiu ficar no governo porque teme perder parlamentares no caso de ir para a oposição. "O partido não pode ficar como viúva abandonada, saindo um para cada lado. E isso pode acontecer", lembrou o deputado Wigberto Tartuce (PP-DF).
Os parlamentares ficaram assustados com o relato feito por um dos deputados sobre tentativas de aliciamento de integrantes da bancada. Ele disse que ministros do PSDB oferecem audiências com FHC e os convidam para ingressar no partido do presidente.
"Isso preocupa, porque os ministros do PSDB estão de caneta cheia (têm condições de nomear)", comentou Dias.

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