São Paulo, quarta-feira, 22 de março de 1995
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Polícia investiga atuação de despachantes no Detran

Corregedoria analisa casos suspeitos de corrupção em SP

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Corregedoria da Polícia Civil começa, na próxima semana, a fazer um levantamento dos despachantes que, segundo denúncias, teriam participação em atos de corrupção no Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran/SP).
Já foram abertos 750 inquéritos para investigar o caso (leia quadro acima). A base das investigações é um relatório de 70 páginas, obtido pela Folha, em que um funcionário do Detran dá exemplos, documentados, de 29 casos de suposta corrupção.
O dossiê dá endereços e nomes que estão sendo investigados. Num trecho, por exemplo, está escrito que "São Paulo tem cerca de 300 despachantes, mas apenas 60 deles participam da caixinha, contribuindo com R$ 50,00 por semana". Dois despachantes são apontados como "canalizadores da caixinha".
A estimativa do Detran é de que 80% dos 5 milhões de processos de carros arquivados no órgão conteriam irregularidades.
O que as investigações ainda não conseguiram estabelecer é se os funcionários acusados de corrupção entraram no Detran a partir do dia 2 de janeiro (quando assumiu o atual diretor, Enos Beolchi) ou se estavam no departamento há mais de 8 anos —período em que o diretor foi o delegado Cyro Vidal.
A Folha apurou que a maior dificuldade para as investigações tem sido o arquivo do Detran —onde mais de 50% dos processos de automóveis, suspeitos de serem irregulares, estão desaparecidos. Na próxima semana, a corregedoria começa a tomar depoimento dos 20 delegados que se afastaram do Detran para a realização das investigações.

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