São Paulo, sexta-feira, 24 de março de 1995
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Tyson na tela

WILSON BALDINI JR.

Este ano, o cinema completa cem anos. Amanhã, Mike Tyson sai da cadeia. O que tem um fato a ver com o outro? Muito.
Amanhã também terminam as filmagens da história sobre os 28 anos de vida de Tyson, ex-trombadinha do Brooklin nova-iorquino, ex-campeão mundial dos pesos-pesados e ex-detento, condenado por estupro.
O filme da HBO Pictures que tem no papel principal Michael Jai White tenta repetir os sucessos de "Touro Indomável" —com Robert De Niro— e "Marcado pela Sarjeta" —com Paul Newmann.
White foi escolhido entre mais de 250 candidatos, escolhidos no ano passado, cujo único talento exigido era se parecer com Tyson.
Sinceramente, a única semelhança entre os dois está na cor da pele.
Para representar Cus D'Amato, o descobridor de Tyson, foi chamado o ex-ganhador do Oscar George C. Scott. Já o empresário Don King será encarnado (com todos os santos) por Paul Winfield.
Para se ter uma idéia da força da marca Tyson, mesmo odiada pela mídia norte-americana, ela consegue quebrar uma preferência das empresas de cinema em contar histórias de pugilistas brancos.
Um exemplo. Quem acompanha boxe sabe que a história do negro Sugar Ray Robinson foi muito mais interessante do que a dos brancos Jake La Motta e Rocky Graziano.
Além do mais, Robinson foi campeão por 15 anos nas décadas de 40, 50 e 60 —enquanto La Motta e Graziano não passaram de lutadores medianos.
Apesar disso, nunca houve um grande filme sobre a vida de Robinson. Já La Motta foi retratado em "Touro Indomável" e Graziano em "Marcado pela Sarjeta"
Recentemente, a ficção também apostou num lutador branco campeão dos pesos-pesados, sonho que os norte-americanos não conseguem realizar desde Rocky Marciano.
Rocky Balboa foi imortalizado pelo cada vez mais musculoso (e desajeitado) Sylvester Stallone.
Mas, para quem não sabe, um detalhe: Rocky Balboa existe. Trata-se de um mexicano de 33 anos, que ocupa apenas a 19ª posição no ranking do CMB. Em 79 lutas, venceu 62 (sem convencer), perdeu 16 e empatou outra.
A expectativa é que Tyson inicie amanhã uma nova vida de sucessos, assim como o Rocky Balboa (o do Sylvester, lógico). E não se torne um novo Jake La Motta ou um Rocky Graziano.

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