São Paulo, domingo, 26 de março de 1995
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Municípios controlarão Sabesp

FERNANDO CANZIAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Sabesp (companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) quer "pulverizar-se" em diversas regiões do Estado.
A empresa atende hoje 339 municípios, incluindo a Grande São Paulo. Após a reestruturação que já está em curso, a Sabesp deverá vender participações societárias para municípios (ou grupos de cidades) que passarão a controlar as operações regionais da empresa.
Neste processo, será possível a participação de empresas privadas, que poderão comprar diretamente unidades da estatal ou trabalhar em parceria com os municípios.
O presidente da Sabesp, Ariovaldo Carmignani (ex-presidente da Mangels e diretor da Cofap), diz que o processo de pulverização não precisa passar pela Assembléia Legislativa, já que os municípios paulistas são, em princípio, os donos da empresa.
A Sabesp nasceu em 1973 com a fusão de várias empresas municipais de abastecimento. Os municípios trocaram ativos de suas empresas por ações da Sabesp. Agora, o que se pretende é um caminho mais ou menos inverso, com a regionalização das operações por grupos de municípios.
Esta seria uma das formas de conseguir dinheiro para investimentos, cujas necessidades ultrapassam US$ 1,5 bilhão este ano. Mas os recursos para 95 não chegam a 10% desse total.
A Sabesp teve prejuízo de R$ 223 milhões em 1994, mesmo depois de arrecadar dinheiro extra com emissão de debêntures, e começou o ano com R$ 630 milhões em dívidas vencidas e não pagas.
As perspectivas para este ano são melhores, mas estão baseadas em um plano de reestruturação.
Nos últimos dois meses, a empresa fez 2.200 demissões e pretende reduzir os gastos com funcionários até o fim do ano para 35% da receita (47% hoje). Eliminou 16 superintendências, 64 departamentos e 125 divisões.
Também estão sendo revistos 324 contratos de terceirização, que representam gastos de R$ 14 milhões/mês. Para aumentar a receita, a empresa designou 300 pessoas com a missão de diminuir fraudes e vazamentos na cobrança e distribuição de água. Hoje, a Sabesp recebe por apenas 60% da água que entrega.
(FCz)

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