São Paulo, domingo, 26 de março de 1995
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Aliados insatisfeitos votaram contra FHC

Governo enfrentou protestos em Brasília e no Ceará

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Iniciado há 20 dias, com o pandemônio do câmbio, o processo de envelhecimento precoce do governo agravou-se na última semana.
Traído por aliados, o presidente sofreu mais uma derrota no Congresso, enfrentou novas manifestações de protesto e recebeu más notícias na área econômica.
Na terça-feira, sua emenda de reforma na Previdência foi esquartejada. Está agora condenada a vagar pelos escaninhos da Câmara e do Senado desfigurada em duas, três, quatro ou até cinco emendas, a depender de decisão adiada para terça-feira. O processo será mais lento e complicado.
A oposição contou com a ajuda de governistas insatisfeitos, como os deputados do PP, que ainda esperam por sua fatia no bolo de cargos públicos. Foi vitaminada também por governistas ingratos, como os deputados do PMDB da Paraíba.
A despeito de terem arrancado do presidente a sanção à anistia de Humberto Lucena (PMDB-PB) e a Secretaria de Desenvolvimento Regional, entregue ao paraibano Cícero Lucena, os peemedebistas ajudaram a retalhar o projeto.

Déficit
Na área econômica, a maior ruga acrescentada à imagem do governo foi o déficit recordista na balança comercial de fevereiro, de US$ 1,095 bilhão.
Em meio a novos rumores de vazamento de informações privilegiadas, explicou-se ora aos senadores, ora ao presidente da República, ora aos deputados. Manteve intacta sua honorabilidade pessoal. Mas, do ponto de vista político, um Arida de hoje vale bem menos que um Arida de antes do terremoto cambial.

Protestos
Fernando Henrique começa a habituar-se com manifestações de protesto. Ouviu o som das fanfarras da CUT e dos chamados movimentos populares em Brasília, na quarta, e em Fortaleza, na sexta. Na capital, o protesto foi bancado com dinheiro público pelo governo petista de Cristovam Buarque.

Reformas
Para arrematar a semana, o presidente reuniu-se com seus ministros na noite de sexta. Pediu empenho na defesa das reformas.
Antes, em discurso feito no Ceará, onde lançou o seu programa de reforma agrária, subiu o tom de voz ao referir-se aos adversários. Disse que lhes falta "caráter".

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