São Paulo, domingo, 26 de março de 1995
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USP contesta números da Unicamp

VINICIUS TORRES FREIRE
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 05/04/95
Ao contrário do que indicava o quadro publicado à pág. 3-4 de 26 de março, os dados sobre os cursos de mestrado e doutorado na UFRGS constavam do "Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil", do CNPq.
USP contesta números da Unicamp
A Universidade de São Paulo diz que ainda mantém a pole-position da produtividade das universidades paulistas e contesta os dados apresentados pela Unicamp na edição edição de março do jornal oficial da instituição de Campinas.
As duas universidades utilizaram a mesma fonte de dados, o Science Citation Index (SCI), o índice que lista os artigos publicados nas revistas científicas mais importantes do mundo. Os levantamentos foram realizados pelas pró-reitorias de pesquisa das duas universidades.
Segundo os uspianos, o número de artigos publicados pelo número de professores-doutores e listados no SCI é pelo menos igual ao apresentado pela Unicamp.
No ano de 1993, quando a Unicamp diz ter alcançado a liderança, a USP estaria com a média de 0,29, a mesma que os campineiros dizem atingir.
O pró-reitor de pesquisa da USP, Ugo Armelin, que levantou os números da USP no SCI, diz que as totalizações do número de citações científicas do SCI podem apresentar uma margem de erro.
A pesquisa no SCI pode ser comparada à busca de quantas vezes aparece o nome complicado de uma família em uma lista telefônica. Se o nome aparece com várias grafias diferentes e você não conhecer todas as variações, sua contagem vai ser imprecisa. No caso do SCI, o nome de uma mesma instituição aparece de várias formas. Algumas podem escapar.
Armelin diz no entanto que essas pequenas variações não são importantes no momento: "O que é relevante é que a Unicamp também apresente bons índices e que as universidades estejam recorrendo a indicadores internacionais de produtividade".
Disputa
A aferição da produção científica através da contagem dos artigos publicados é importante como critério de distribuição de verbas para grupos de pesquisadores e universidades.
Um desses indicadores de produtividade motivou a disputa das universidades paulistas pela liderança do ranking.
A Unicamp contestou a precisão dos dados do "Diretório Nacional dos Grupos de Pesquisa", publicado pela primeira vez pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 1994, órgão federal de financiamento de pesquisa.
Segundo os dados do CNPq, a Unesp (Universidade Estadual Paulista) seria a paulista mais produtiva. USP e Unicamp vinham a seguir, nessa ordem.
A Unicamp diz que os dados sobre sua produção estão errados. O CNPq alega que a própria universidade forneceu as informações.
A Folha apurou que a comunidade acadêmica considera o diretório do CNPq impreciso. Os grupos de pesquisa ou pesquisadores fornecem os dados, voluntariamente e sem necessariamente serem "filtrados" pelas universidades. Não haveria controle da qualidade das publicações consideradas pelos cientistas para a contagem de artigos. De resto, segundo Armelin, a compilação do relatório do CNPq não é informatizada.

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