São Paulo, domingo, 26 de março de 1995
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Dirigentes têm culpa nos problemas de arbitragem

TELÊ SANTANA

Vou dedicar minha coluna desta semana aos problemas de arbitragens deste Campeonato Paulista, em especial ao do clássico de domingo passado entre São Paulo e Corinthians.
Quando acontece um problema assim, a culpa sempre recai sobre algum árbitro e nas pessoas que comandam a arbitragem em São Paulo.
Acho até que a responsabilidade maior não é dos árbitros, mas das pessoas que os escalam.
O caso do juiz do clássico é um exemplo. Todos sabem que ele tem problemas com o São Paulo. Com todos os árbitro que existem no país, eles foram escalar justamente esse.
E não se pode nem argumentar que não havia alguém melhor, porque esse não é considerado o melhor juiz.
Esse árbitro não tem nem condições psicológicas para apitar partidas dessa importância. Ele é de um nervosismo impressionante. Não consegue se controlar.
E nem se pode dizer que é o jogo que o deixou assim.
Antes da partida, ele já estava nervoso. Um repórter se aproximou dele para fazer umas perguntas e o juiz respondeu com "sete pedras na mão".
Ainda antes da partida, o nosso preparador foi cumprimentá-lo. Ele não só recusou o cumprimento como ainda fez ameaças. Disse para o preparador avisar o banco que não ia admitir nenhuma manifestação do banco, que ia expulsar quem o fizesse.
Esse recado foi claramente dirigido a mim. Todos sabem as divergências que nós temos. Ele já me expulsou de campo algumas vezes. Em outras, eu saí de campo para que ele não me expulsasse.
Quem vai apitar um jogo importante como esse não pode levar para campo problemas passados. Se uma pessoa tem um problema com outra num jogo, isso se torna passado assim que o jogo acaba. Numa nova partida, esse problema tem que estar superado.
Mas esse árbitro não age assim. Ele já entra em campo premeditado. Traz para o jogo a raiva que ele tem de mim.
Mas a culpa principal é dos dirigentes. Eles não preparam o árbitro para fazer um trabalho tranquilo no jogo. Simplesmente o escalam e não se preocupam mais com o assunto.
A punição que o árbitro recebeu é um sinal dessa atitude. A suspensão, de 20 dias, foi uma enganação. Um outro juiz errou menos numa outra partida e foi afastado da arbitragem por 30 dias.
Nem disseram para o árbitro do clássico o verdadeiro motivo da suspensão. Disseram que ele foi punido pelos palavrões que disse, quando o motivo real foram seus —muitos— erros.
Mas os dirigentes das arbitragens deste Paulista não explicaram isso e ele vai ficar achando que fez uma boa arbitragem.

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