São Paulo, domingo, 26 de março de 1995
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Peça transforma matemática em aventura

MÔNICA RODRIGUES COSTA
EDITORA DA FOLHINHA

"Lilavati, Aventuras da Matemática" tem um enredo complexo, mas muito bem narrado pelo teatro do grupo Theatralha & Cia e dirigido por Celso Saiki.
Com a peça, o espectador pode perder a vergonha tradicional de somar usando os dedos. Uma cena mostra que, no início, as pessoas faziam as contas nos dedos.
A criança ainda aprende como foi a passagem do cálculo concreto para o abstrato, ao ver um pastor (Marcelo Franzolin) contar ovelhas com as pedras de um saco.
Mas "Lilavati, Aventuras da Matemática" não se limita a apresentar (bons) exemplos de problemas da ciência em foco.
A peça conta a história do matemático indiano Báskara, que viveu por volta do século 12. Báskara viaja pelo mundo para resolver o mistério da vida de sua filha.
Quando a menina nasceu, os astros previram que Lilavati iria ser feliz na infância, mas não na vida adulta. As adivinhações foram confirmadas por um sábio.
A felicidade da garota deveria ser trazida de um país distante e aconteceria 12 dias depois que Lilavati completasse 12 anos.
Os atores representam com agilidade a passagem do tempo e o desenvolvimento da menina. Lilavati (Roberta Paixão) pergunta e Báskara (Atílio Bari, autor também da adaptação) responde questões do tipo: "O que é o Sol?", "Distribuidor das horas".
A narração intercala diálogos dos personagens com cantos falados, e a coreografia (Celso Saiki) se destaca, ambientada em cenários simples, de temática oriental.
A história da matemática vai aparecendo no momento de cozinhar alimentos em uma tribo primitiva ou nos negócios dos mercadores de Mascate.
Um dos pontos altos do espetáculo é o encontro de Báskara com o Imperador (Julio Chiba), em que acontece um interessantíssimo duelo de charadas.
As crianças que foram comigo assistir à peça mantiveram-se interessadas. Leo Chaib Cavalcanti, 11, me diz que conhece a história do livro "O Homem que Calculava" (Record, 35ª edição, 1990), de Malba Tahan (1895-1974).
"A maioria da peça é inventada, só tem a história da ampulheta de água, quando Lilavati vai se casar, e a consulta aos astros e ao sábio", explica Leo.
A montagem soube traduzir a matéria escolar que provoca dor de cabeça em muitas crianças.

Peça: Lilavati, Aventuras da Matemática
Direção: Celso Saiki
Elenco: Roberta Paixão, Mônica Peres, Julio Chiva, Atílio Bari e outros
Onde: Teatro Arthur Azevedo (av. Paes de Barros, 955, tel. 292-8007)
Quando: sábados e domingos, às 16h
Quanto: R$ 5,50; professores com um acompanhante não pagam

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