São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 1995
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Cresce rentabilidade média de empresas

RODNEY VERGILI
DA REDAÇÃO

Pesquisa da consultoria Austin Asis com base em balanços anuais de 90 companhias com ações em Bolsa constatou que o lucro das empresas praticamente dobrou em 1994 em relação ao ano anterior.
A média de rentabilidade passou de 5,6% em 1993 para 10,7% em 94, considerando o ganho (lucro líquido) obtido pela utilização dos investimentos dos recursos próprios (patrimônio líquido).
Mario Alberto Coelho, diretor da Austin Asis, diz que a rentabilidade das empresas se ampliou principalmente no segundo semestre com a implantação do Plano Real. A estabilização da economia contribuiu para reduzir as perdas dos salários com a inflação e provocou um aumento no consumo.
As vendas das empresas em geral tiveram crescimento real (acima da variação do dólar comercial) médio de 62,8% em 1994 em relação ao ano anterior.
As empresas do segmento têxtil, vestuário e calçados registraram evolução média de 91,1% em 1994 em relação a 1993.
A rentabilidade média do segmento têxtil, vestuário e calçados foi de 13,4%, contra média de 10,7% nos 19 setores analisados.
A recuperação do setor está se refletindo também nas feiras industriais. Manoel Telles de Souza, diretor da Feira Internacional de Tecelagem, que se realiza todos os anos em março no Parque Anhembi, em São Paulo, informa que a de 1995 superou todas as expectativas. O número de expositores (320) dobrou em relação ao ano anterior (160). A área ocupada passou de 14 mil metros quadrados em 94 para 21 mil em 95.
Dados da Associação Brasileira do Vestuário mostram que o faturamento em 94 de US$ 18,5 bilhões foi o melhor desempenho do setor nos últimos cinco anos.
Estudo realizado pelo Lloyds Bank do balanço anual de oito empresas do setor têxtil e vestuário mostra que a rentabilidade sobre o patrimônio (recursos próprios) passou de 3,91% em 93 para 16,52% em 94.
Armando de Toledo, diretor da corretora Magliano, diz que as empresas do setor têxtil estão registrando crescimento expressivo na procura por seus produtos com o Plano Real e só não ampliam mais a produção, por causa da escassez de fios.
Ivo Rosset, diretor-superintendente da Rosset, diz que o grupo deve investir este ano US$ 10 milhões acreditando na estabilidade da economia brasileira. A média histórica de investimento anual é de US$ 3 milhões. O grupo está importando fios de náilon, por causa da escassez no mercado doméstico.
Segundo Rosset, a empresa só não aumenta mais a produção, por causa da falta de fios no mercado doméstico. A empresa já concedeu aumentos salariais médios de 15% sem repasse a preços, diz.
Reinaldo Mourad, presidente da Unit (União Nacional das Indústrias de Tecelagem de Moda), diz que os produtos diferenciados tiveram crescimento expressivo (de 15%) no segundo semestre do ano passado em relação ao mesmo período do ano anterior. Houve um arrefecimento nas vendas no primeiro trimestre de 95.
Eduardo Wanick, vice-presidente para a América Latina da Du Pont, diz que o mercado está aquecido com o crescimento de 25% nas vendas desde o segundo semestre do ano passado (início do Plano Real) até agora em relação ao mesmo período do ano anterior. A empresa está investindo US$ 23 milhões para expandir a fábrica de Paulínia (SP) para a produção de fios de lycra.
Joerg Albrecht, diretor-superintendente da Polyenka, que atua no segmento de fios de filamento de poliéster, diz que a partir de agosto de 94 houve um aumento real de vendas de 20% e a perspectiva da empresa para este ano é de um crescimento de 10% sobre 1994. Albrecht diz que a falta de fios no mercado força a importação.
As empresas procuram alternativas para a falta de fios. A Rhodia investiu US$ 1 milhão para lançar este ano o fio "pontella", inicialmente com uso exclusivo pelas empresas Texcolor e Karsten.

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