São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 1995
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Após seis anos, Eldorado relança primeiro disco de rap brasileiro

MARCEL PLASSE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O primeiro álbum de rap do Brasil está sendo relançado em CD, pela gravadora Eldorado.
A coletânea "Hip Hop: Cultura de Rua", que saiu em outubro de 88, trazia Thaíde e DJ Hum, Código 13, MC Jack e O Credo.
Ousado para a época, o disco já introduzia o rap branco (o grupo Código 13) e mostrava o talento de Thaíde e DJ Hum, que, nas músicas "Homens da Lei" e "Corpo Fechado", adotou o discurso negro contra a polícia, "scratches" sobre discos de rock nacional ("Pobre Paulista", do grupo Ira!) e um "sample" de funk que Snoop Doggy Dogg tornaria famoso em 1994.
Os rappers do LP surgiram no movimento "break', que tinha sua sede na estação de metrô São Bento, no início dos anos 80. Faziam parte das "gangues de break" Back Spin, Crazy Crew, Street Warriors e Zulu.
Apesar da cena "break" ter sido moda em 84, foi só depois de "Cultura de Rua" que se começou a falar no rap brasileiro. O curioso é que o disco teve apoio da turma do rock paulista.
As tendências do disco eram bem diversas. Thaíde e DJ Hum tinham influência de Ice-T e Boogie Down Productions. O Credo, produzido por Akira S, pendia para o electro (rap eletrônico) de Afrika Bambaataa e Mantronix. Código 12 queria ser o Beastie Boys. E MC Jack era a versão paulista de LL Cool J.
Só Thaíde e DJ Hum seguiram uma carreira de sucesso —foram os primeiros a gravar um álbum individual de rap, em 1989—, com quatro LPs e mais respeito que qualquer outro da cena.
No ano passado, o Código 13 retornou, para gravar seu primeiro álbum, "Reação em Cadeia" —ainda pela Eldorado. O Credo se desintegrou —um DJ foi trabalhar na casa noturna Victoria Pub, outro se converteu ao islamismo e MC Jack sumiu.

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