São Paulo, segunda-feira, 27 de março de 1995
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Guerra das universidades; Publicidade que irrita; Fantasia do real; Protesto; Sindicatos equivocados; Terras do Paraná; Nos trilhos da privatização; Do outro mundo; Advertência verbal;

DO OUTRO MUNDO

Guerra das universidades
"Sobre 'Guerra das universidades: Unicamp diz que produz mais que a USP', publicado na Folha de 24/03, cabe observar que se trata de uma disputa cujo resultado vai sempre variar dependendo da modalidade em que se compete e quem é o árbitro da disputa. Instituições da qualidade e do porte da USP e da Unicamp são organizações por demais complexas para que se possa —mesmo isolando o campo da pesquisa das outras missões institucionais— chegar a um resultado final e único que transforme essa complexidade numa sentença do tipo: A produz mais do que B ou A é melhor do que B. Conforme variamos o tipo de produto medido (livros, artigos, patentes, teses e, principalmente, as áreas e especialidades do conhecimento, o resultado final apontará para um lado ou para outro. Da mesma forma, dependendo do árbitro da disputa (artigos indexados na base de dados ISI, produtos relatados ao CNPq ou à Capes etc.), os resultados variarão grandemente. Posta nesses termos de 1.500 metros com barreiras é, portanto, uma disputa ociosa.
Mas o motivo principal dessa carta é a declaração do professor Carlos Henrique Brito Cruz, pró-reitor de pesquisa da Unicamp: 'a universidade apenas encaminhou os disquetes com os formulários... como solicitado pelo CNPq'. O professor está mal informado. A metodologia do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil atribuiu aos pró-reitores de Pesquisa a tarefa de identificar os líderes de grupos de pesquisa e a estes líderes a tarefa de fornecer as informações sobre seus grupos. Aliás, pró-reitores e pesquisadores fizeram, na imensa maioria dos casos, um excelente trabalho e os dados constantes nos oito volumes do Diretório são a prova mais cabal disso. No entanto, é preciso reconhecer que, sendo a primeira experiência nacional de caráter censitário sobre a capacidade instalada de pesquisa no Brasil, o Diretório apresenta algumas falhas de cobertura, concentradas em algumas instituições já identificadas: UFMG, UFPr e Fiocruz estão entre elas. Pode ser que a Unicamp também esteja."
Reinaldo Guimarães, coordenador do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil do CNPq (Rio de Janeiro, RJ)

Publicidade que irrita
"Tem causado estranheza a todos que acompanham a crise do Banespa, ameaçado de privatização, pelo descalabro de sua situação atual, a milionária campanha publicitária que ele continua fazendo por meio de rádio, televisão, imprensa e patrocínio de competições esportivas. A campanha publicitária é a que mais irrita os que sabem, por informações da imprensa, da situação caótica do banco e dos prejuízos que vem tendo em razão de operações irregulares e prejudiciais aos seus verdadeiros interesses. Além disso, a propaganda é enganosa, principalmente quando fala de seus financiamentos para o setor agrícola. Algumas agências de cidades pequenas e médias do interior do Estado têm disponíveis para esses 'financiamentos agrícolas' nada mais do que minguados R$ 5.000 ou R$ 6.000 para atender a todo o município. E, afinal, o que é isso em termos de necessidade dos plantadores, sem apoio, sem financiamento, sem garantia de preços finais para seus produtos?"
Tito Costa, vice-prefeito de São Bernardo do Campo (São Bernardo do Campo, SP)

Fantasia do real
"Parabenizo o jornalista Carlos Heitor Cony pelo seu brilhantismo e lucidez raramente vistos na imprensa nacional, ao compor o artigo 'A fantasia do real' (23/03). Aproveitei a oportunidade para tirar dezenas de cópias e distribuir para aqueles que ainda possuem consciência crítica diante de um fato verídico a aceitar a mentira imposta pela mídia brasileira."
Wilson Roberto Vicente (Santo André, SP)

"Prazerosamente, li o artigo de Carlos Heitor Cony, 'A fantasia do real' (23/03). Com tanta lucidez e inteligência, soube trazer à nação brasileira o que há muito tenho guardado em meu peito: a grande farsa das eleições de 1994, em que se elegeu o plano real em vez do candidato."
Edgard Soares Dutra Filho (Brasília, DF)

Protesto
"Apresento meu protesto pela coluna do jornalista Gilberto Dimenstein publicada em 23/03. Na sua ânsia por sair em defesa do governo, faz suposições prepotentes, próprias da nossa desastrada elite intelectual, a respeito da capacidade de discernimento das pessoas pobres e idosas que foram a Brasília para a manifestação contra as reformas da Constituição."
José Cláuver de Aguiar Júnior (Curitiba, PR)

"Próprio de quem não conhece a dura realidade dos aposentados brasileiros, o articulista Gilberto Dimenstein transformou conscientes e sofridos aposentados em mera massa de manobra da CUT e do PT (Folha, 23/04)."
Mauro Guimarães Passos (Florianópolis, SC)

"Causa estranheza a forma como a edição de 22/03 desse jornal tratou uma importante manifestação de trabalhadores e aposentados contra a reforma constitucional proposta pelo governo FHC. O jornal não pode concordar com o objeto do protesto e para isso dispõe de espaço próprio para colocar sua opinião, mas desqualificar um movimento expressivo que ganhou destaque em todos os jornais, reduzindo-o a mera citação no corpo da matéria de primeira página, depõe contra o critério de imparcialidade jornalística que a Folha tanto reivindica para si."
Sérgio Rosa, vereador (São Paulo, SP)

Sindicatos equivocados
"Quisera eu ter escrito o texto de 23/03 de Luís Nassif, sobre a equivocada atuação dos sindicatos no Brasil. Assim, faço das suas minhas palavras."
Marly A. Cardone (São Paulo, SP)

Terras do Paraná
"Quero parabenizar o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, pela idealização da campanha 'Democracia na terra'. O Paraná, segundo estimativa da coordenação estadual do movimento sem-terra, tem 180 mil famílias entre sem-terra, bóias-frias, meeiros, parceiros e arrendatários esperando por um pedaço de chão. É necessário envolver toda a sociedade no debate sobre a utilização pública das terras improdutivas no Brasil."
Irineu Mário Colombo, deputado estadual pelo PT (Curitiba, PR)

Nos trilhos da privatização
"A Fepasa vem dando prejuízo, e muito, ao governo de São Paulo há vários anos. Agora que a empresa começa a dar lucro, o governo quer privatizá-la. E já tem um grupo japonês se apresentando para comprar. Tudo isso é estranho."
Fernando S. Leão Castilho (São Paulo, SP)

"É lamentável que a suposta vidente Neila Alckmin venha querer confundir os católicos com a afirmação de ser devota de Nossa Senhora, na Folha (19/03). Além do mais, com relação às demais matérias místicas desta mesma edição, todo católico que se preza sabe muito bem que: previsões encomendadas, contatos mentais com discos voadores e todas as supostas comunicações espíritas com os mortos não passam de pura superstição que, a cada dia que passa, enchem mais e mais nossos hospitais psiquiátricos."
Luiz Roberto Turatti (Araras, SP)

Advertência verbal
"A obrigatoriedade da advertência veiculada nas propagandas de cigarro quando difundidas pela imprensa televisiva em 'jingles' ou em filmes comerciais deveria contemplar igualdade de divulgação através de locução. Não podemos esquecer os nossos milhões de analfabetos."
Bruno Roberto Bernardes Favato (Belo Horizonte, MG)

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